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Surto de Covid em Guangzhou alcança nível que levou Xangai ao lockdown

China batalha para conter avanço da doença em uma das principais cidades fabris do país

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Igor Patrick

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Após rumores de que estaria trabalhando em um possível plano de reabertura, a China reforçou que seguirá com a política de Covid zero.

A mudança no tom parece ter sido motivada pelo galopante crescimento no número de casos diários da doença em Guangzhou, cidade no sul do país que responde por boa parte do parque fabril nacional.

Segundo o jornal South China Morning Post, Guangzhou vem registrando cerca de 4.000 casos (entre sintomáticos e assintomáticos) de Covid diariamente, média semelhante à que levou ao fechamento de Xangai por mais de dois meses. A maioria deles se concentra no distrito de Haizhu, onde 1,8 milhão de pessoas já estão em lockdown. O sistema de transporte público também não está funcionando por lá.

Pessoas aguardam em fila para teste de Covid-19 em Guangzhou, na China - 9.nov.22/Cnsphoto via Reuters

Infectados pelo coronavírus também foram identificados na capital Pequim e em Chongqing, megalópole localizada no sudoeste do país.

Enquanto isso, Xi Jinping presidiu uma reunião do Comitê Permanente do Politburo em que defendeu mais uma vez "implementar firmemente a política da Covid zero dinâmica, proteger a vida das pessoas ao máximo e minimizar o impacto no desenvolvimento econômico e social". O Comitê também demonstrou preocupação com novas mutações do vírus e com o impacto do inverno na transmissão local.

Por que importa: Esse é mais um banho de água fria em quem esperava a reabertura das fronteiras chinesas. O surto em Guangzhou certamente preocupa o governo e lança um sinal de alerta para o mundo, dada a quantidade de mercadoria exportada por indústrias sediadas lá. Um lockdown como o de Xangai derrubaria ainda mais os indicadores macroeconômicos chineses, com repercussões severas nas cadeias de produção em todo o planeta.

o que também importa

A China se mostrou disposta a contribuir com um mecanismo que compense países pobres por perdas e danos causados pela crise climática. Pequim, porém, não tem pretensões de fazer repasses financeiros.

A intenção foi anunciada pelo representante chinês na COP27, Xie Zhenhua. Em conversas com a imprensa, ele disse que a China é "solidária" com aqueles que pedem mais ação por parte de nações desenvolvidas e destacou que o país asiático também sofreu com desastres ambientais provocados por mudanças no clima.

"Não é obrigação da China, mas estamos dispostos a dar nossa contribuição e fazer nosso esforço", afirmou, sem anunciar que tipo de apoio será oferecido.

Na terça (8), o bloco de negociação da Associação dos Pequenos Estados Insulares —formado por países cuja existência está ameaçada pelo aumento da temperatura terrestre— defendeu que a China e a Índia sejam financiadoras de um possível fundo de compensação.

À imprensa o premiê de Antígua e Barbuda e líder do bloco, Gaston Browne, disse que "todos nós sabemos que eles são grandes poluidores, e poluidores devem pagar". "Não acho que haja passe livre para algum país e não digo isso com asperez."

Xi Jinping traçou uma linha vermelha no apoio diplomático que vem dando à Rússia desde a invasão da Ucrânia. Durante a visita do premiê alemão, Olaf Scholz, a Pequim, o líder chinês foi direto: a China não vai tolerar o uso de armas nucleares no conflito.

Foi o posicionamento mais claro vindo da China sobre a guerra até o momento. Nas palavras de Xi, "a comunidade internacional deve se opor conjuntamente ao uso ou a ameaças de uso de armas nucleares, advogar que armas nucleares não devem ser usadas e que guerras nucleares não devem ser travadas, a fim de evitar uma crise nuclear na Eurásia", segundo citado pela agência oficial Xinhua.

Embora Xi tenha se manifestado pela primeira vez sobre o tema, Pequim já vinha dando sinais de que não toleraria o movimento russo. A China mantém uma política declarada de uso de armamento nuclear apenas defensivo e, no passado, já sinalizou abandonar a Coreia do Norte à própria sorte caso o país vizinho utilizasse mísseis nucleares para atacar o Sul ou os Estados Unidos.

fique de olho

Morreu nesta quinta (10) Bao Tong, ex-assessor do líder chinês deposto Zhao Ziyang. Bao ficou famoso por ter apoiado os manifestantes no episódio que ficou conhecido como massacre da Praça da Paz Celestial em 1989.

Ex-diretor do Escritório de Reforma Política do Comitê Central do Partido Comunista Chinês, Bao foi preso e cumpriu pena de sete anos por "revelar segredos de Estado e propaganda contra-revolucionária". O chefe dele, então secretário-geral do PC Chinês, amargou prisão domiciliar até o fim da vida.

Bao Tong, ex-assessor do líder chinês deposto Zhao Ziyang, em sua casa em 23 de maio de 2009 - Katharina Hesse/New York Times

Por que importa: Bao era um conhecido defensor da liberdade de expressão na China. Sua morte tem simbolismo considerável para os que ainda advogam pela causa no país, embora esses movimentos tenham praticamente desaparecido sob a forte vigilância e a repressão promovidas no governo de Xi. Nesse sentido, não chega a surpreender que sua morte tenha quase passado em branco no país, sem nenhuma referência tanto nas redes quanto na imprensa estatal.

para ir a fundo

  • O Comitê Nacional para Relações entre Estados Unidos e China realiza na próxima quarta-feira (16), às 17h, o tradicional China Townhall, evento que discute o estado da diplomacia entre os dois países. O convidado deste ano é Jon Huntsman Jr., ex-embaixador americano na China, na Rússia e em Cingapura. Informações aqui. (gratuito, em inglês)
  • O vice-presidente eleito Geraldo Alckmin participou nesta semana de um evento promovido pelo Conselho Empresarial Brasil-China em São Paulo e declarou intenção de fortalecer as relações sino-brasileiras. Alckmin também deu pistas de possíveis intenções do governo Lula para o tema. Leia aqui. (gratuito, em português)
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