Dois dias depois de ser alvo de uma caixa contendo um explosivo, a embaixada da Ucrânia na Espanha recebeu nesta sexta-feira (2) um pacote ensanguentado com olhos de animais.
De acordo com um porta-voz da diplomacia ucraniana, caixas semelhantes foram enviadas às representações na Hungria, na Holanda, na Polônia, na Croácia, na Áustria e na Itália e aos consulados em Nápoles, também na Itália, Cracóvia, também na Polônia, e Brno, na República Tcheca.
"Estamos estudando o significado dessa mensagem", escreveu Oleg Nikolenko em um comunicado publicado nas redes sociais. Segundo a nota, o chanceler Dmitro Kuleba determinou que todos os postos diplomáticos ucranianos sejam colocados sob segurança reforçada.
A embaixada em Madri foi isolada durante cerca de duas horas pela polícia espanhola, que também vasculhou a região com o auxílio de cães farejadores.
Nikolenko afirmou ainda que a entrada do apartamento do embaixador da Ucrânia no Vaticano foi vandalizada —fezes humanas teriam sido colocadas na porta do imóvel— e que a sede da missão no Cazaquistão recebeu uma ameaça de bomba, posteriormente descartada.
"Temos motivos para acreditar que há uma campanha planejada de terror e intimidação a embaixadas e consulados ucranianos", disse Kuleba. "Incapazes de deter a Ucrânia na frente diplomática, tentam nos intimidar. Mas essas tentativas são fúteis. Seguiremos trabalhando efetivamente pela vitória."
De acordo com o jornal El País, a polícia da Espanha descarta qualquer vínculo entre os remetentes dos pacotes ensanguentados desta sexta e as seis cartas-bomba que o país contabilizou até aqui. Os primeiros indícios apontam que os explosivos foram postados por um remetente de dentro da Espanha, enquanto as caixas enviadas aos postos ucranianos partiram de outro país, ainda não divulgado pelas autoridades.
A primeira carta-bomba foi enviada ao gabinete do primeiro-ministro Pedro Sánchez ainda na semana passada. Na quarta-feira (30), outra foi enviada à representação diplomática de Kiev em Madri, deixando um agente de segurança ferido. A sede da Instalaza, fabricante de armas que desenvolve o lançador de foguetes C90, equipamento de guerra doado pela Espanha à Ucrânia para combater a invasão russa, também foi alvo de um artefato.
Outros duas cartas-bomba foram enviadas na quinta-feira: a uma base aérea espanhola que abriga um centro de inteligência espacial da União Europeia e ao prédio do Ministério da Defesa do país.
Não estão claras as motivações e a autoria dos episódios. Os casos estão sendo investigados pela Suprema Corte da Espanha, especializada em crimes de terrorismo. Os Correios, empresa estatal responsável pelos serviços postais, também colaboram com o inquérito.
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