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Jornalista Barbara Walters morre aos 93 anos nos EUA

Célebre entrevistadora e pioneira em áreas masculinas da TV, profissional iniciou carreira nos anos 1960

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São Paulo

A jornalista Barbara Walters, uma pioneira na TV americana, morreu nesta sexta-feira (30), em sua casa. A informação foi confirmada pela rede ABC News, à qual ela ficaria associada por ter trabalhado durante décadas.

A causa da morte não foi divulgada, mas a emissora cravou sua idade em 93 anos —ela não revelava o ano de nascimento. "Barbara foi uma verdadeira lenda. Uma pioneira não só para mulheres no jornalismo, mas para o jornalismo em si", disse Robert Iger, CEO da The Walt Disney Co., controladora da ABC.

A jornalista Barbara Walters acena ao chegar a jantar de correspondentes na Casa Branca - Nicholas Kamm - 3.mai.14/AFP

Dona de uma carreira de mais de meio século na TV americana, ela foi por muito tempo pioneira em uma profissão então reservada para os homens. No total, ganhou 12 Emmys.

Até se aposentar, em 2014, Walters entrevistou todos os presidentes e primeiras-damas americanos de Richard Nixon (1969-1974) a Barack Obama (2009-2017). Também conversou com líderes mundiais, incluindo Fidel Castro, Boris Ieltsin, Margaret Thatcher, Indira Gandhi, Vladimir Putin e Saddam Husein, e estrelas do cinema, como Katharine Hepburn, Harrison Ford e Angelina Jolie.

Seu recorde de audiência foi registrado em 1999, em um programa com Monica Lewinsky, ex-estagiária da Casa Branca que quase levou ao impeachment do então presidente Bill Clinton. Cerca de 74 milhões de telespectadores assistiram à entrevista exclusiva.

Nascida em Boston, ela era filha de Lou Walters, que foi agente de artistas e descobridor de figuras como o comediante Fred Allen e o ator Jack Haley. Formada pela Sarah Lawrence College, trabalhou na área de relações-públicas antes de migrar para a TV.

Walters começou na rede NBC em 1961, na produção da parte informativa do matutino "Today Show", com temas femininos, e apresentando a previsão do tempo. Anos depois, tornou-se coapresentadora, sendo a primeira mulher a ocupar esse papel na TV americana. Em 1976, mudou-se para a rival ABC, com um salário anual sem precedentes de US$ 1 milhão, onde dividiu a bancada nos telejornais da noite, função na qual também foi pioneira.

Nas entrevistas individuais, Walters se tornou conhecida por investigar a vida privada de estrelas de cinema, chefes de Estado e outras personalidades, muitas vezes persuadindo seus entrevistados a responderem a perguntas mais íntimas. Também fez sucesso com crônicas que tinham como tema principalmente pessoas ricas e poderosas.

Críticos diziam que ela era uma entrevistadora que pegava leve com seus sabatinados, mas ela refutava a pecha. "Perguntei a Ieltsin se ele bebia muito, a Putin se ele tinha matado alguém", disse ao New York Times em 2013 —ambos responderam que não.

"Nunca pensei que teria esse tipo de vida. Encontrei com todo mundo no mundo. Provavelmente conheci mais gente, chefes de Estado e pessoas importantes do que qualquer presidente —porque eles só ficam até oito no cargo", disse ao Chicago Tribune em 2004.

Jornalista Barbara Walters durante evento em Nova York
Jornalista Barbara Walters durante evento em Nova York - Carlo Allegri - 14.mai.14/Reuters

O NYT lembrou que seu êxito abriu as portas para outras apresentadoras, como Jane Pauley, Katie Couric e Diane Sawyer.

Walters foi a única repórter de TV a acompanhar a histórica viagem do presidente Richard Nixon à China, em 1972. Quando o ex-ministro das Relações Exteriores de Israel Moshe Dayan morreu, em 1981, a jornalista teria emprestado à mulher do político, Raquel, um vestido preto para o funeral.

Em 1979, passou a ser coapresentadora e produtora do programa de notícias "20/20" e, concomitantemente, apresentou e contribuiu para alguns informativos da rede, além de mediar debates, como um presidencial em 1984.

No total, Barbara Walters trabalhou 25 anos para o "20/20". Em paralelo ao programa, estreou "The View" em 1997. A jornalista trabalhou em frente às câmeras até os 84 anos. A última aparição como coapresentadora do "The View" se deu em 2014. Depois, ela continuou como produtora-executiva do programa e participando de reportagens especiais. A partir de 2016, já com a saúde debilitada, as aparições públicas de Walters se tornaram raras.

Na vida pessoal, foi casada três vezes, com o empresário Robert Katz e os produtores Lee Guber e Merv Adelson; as três relações acabaram em divórcios. Também namorou Alan Greenspan, que se tornaria chefe do Federal Reserve, o Banco Central americano, e políticos como o senador John Warner.

Com Reuters e The New York Times

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