Descrição de chapéu Rússia

ONU busca recorde de US$ 51,5 bilhões para aplacar 'crise humanitária chocante'

Mais de 4% da população do planeta precisa de auxílio e sistema será testado até o limite, diz entidade

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Genebra | Reuters

Diante dos efeitos da crise climática, da insegurança alimentar e de conflitos como a Guerra da Ucrânia, a ONU (Organização das Nações Unidas) apresentou nesta quinta-feira (1º) um apelo para arrecadar a quantia recorde de US$ 51,5 bilhões em 2023 em ajuda humanitária.

O pedido é feito em meio a um cenário em que mais de 300 milhões de pessoas estão vulneráveis —uma necessidade "chocantemente alta" que deve "testar o sistema de resposta humanitária até o limite". O valor representa alta de 25% em relação a 2022 e é mais de cinco vezes a quantia pleiteada há dez anos.

Refugiados ucranianos na fronteira do país com a Polônia - Wojtek Radwanski - 26.fev.22/AFP

A ONU estima que mais 65 milhões de pessoas precisarão de ajuda no próximo ano, elevando o total para 339 milhões em 68 países —mais de 4% da população global ou a população aproximada dos EUA.

"As necessidades humanitárias são incrivelmente altas. Eventos extremos deste ano estão se estendendo para 2023", disse o coordenador de ajuda emergencial da ONU, Martin Griffiths, citando também a seca no Chifre da África. "Para quem está à beira do abismo, esse apelo é uma tábua de salvação."

O pedido de recursos apresentado pela ONU nesta quinta-feira é baseado em um cenário sombrio.

Mais de 100 milhões de pessoas foram expulsas de suas casas devido a conflitos e à crise climática que alimenta uma onda de deslocamentos forçados. Além disso, os nove meses de guerra entre Rússia e Ucrânia interromperam as exportações de alimentos, e cerca de 45 milhões de pessoas em 37 países correm o risco de morrer de fome atualmente, segundo o relatório.

Outro fator preocupante é que a Covid levou a grandes retrocessos nos programas de vacinação infantil e frustrou os esforços para acabar com a pobreza extrema, alimentando outras doenças como o cólera, segundo Griffiths. Pela primeira vez, dez países têm apelos individuais de mais de US$ 1 bilhão —Afeganistão, República Democrática do Congo, Etiópia, Nigéria, Somália, Sudão, Sudão do Sul, Síria, Ucrânia e Iêmen.

Enquanto isso, o financiamento fornecido por doadores já está sob pressão com as múltiplas crises, forçando os trabalhadores humanitários a tomar decisões difíceis sobre prioridades.

A ONU enfrenta a maior lacuna de financiamento de todos os tempos, com 53% do valor pleiteado em 2022 não atendido até meados de novembro. "O sistema de resposta humanitária está sendo testado até o limite", afirmou Griffiths.

Ao contrário de outros setores da ONU, no qual as taxas dependem da dimensão econômica dos países, o financiamento humanitário é voluntário e depende predominantemente de doações ocidentais.

Os EUA são de longe o maior doador, tendo fornecido mais de US$ 14 bilhões até agora neste ano, seguidos pela Alemanha e pela Comissão Europeia. Outras grandes economias como China e Índia doaram menos de US$ 10 milhões cada uma.

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