Descrição de chapéu China Coronavírus

China diz que mais de 1,3 milhão de pessoas pediram passaportes após reabertura de fronteiras

Tendência é de aumento de solicitações às vésperas do Ano-Novo, apesar da alta nos casos de Covid

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São Paulo

Desde que a China reabriu suas fronteiras, no último domingo (8), depois de mantê-las fechadas por três anos devido à pandemia de Covid-19, mais de 1,35 milhão de pessoas solicitaram passaportes e vistos no país. São, em média, 270 mil pedidos por dia, e a tendência é de crescimento.

"O número de solicitações de documentos de entrada e saída continuará a aumentar constantemente no futuro próximo", afirmou nesta sexta-feira (13) Liu Haitao, diretor do Departamento de Inspeção e Gerenciamento de Fronteiras da China, depois de divulgar o balanço dos últimos cinco dias.

Estação de trem em Xangai em meio a aumento de viagens às vésperas do Ano-Novo Chinês - Hector Retamal - 11.jan.23/AFP

A reabertura se dá em um momento de alta de casos de coronavírus no país e às vésperas de um dos principais feriados do gigante asiático. O Ano-Novo Chinês tradicionalmente vem acompanhado de um boom no número de viagens e, depois de três anos sob as restrições da política de Covid zero, a expectativa é a de que 2023 registre cifras ainda mais significativas.

Chu Wenhong, 54, entrevistada pela agência de notícias Reuters, faz parte delas. Funcionária de um laboratório, ela mora em Singapura desde 1994 e, pelo menos uma vez por ano, voltava a Xangai para visitar a família. A última vez que o fez foi em novembro de 2019, um mês antes de as autoridades chinesas identificarem o primeiro surto de Covid em Wuhan.

Desde então, não conseguiu manter a tradição devido às restrições. As viagens não estavam proibidas, mas envolviam despesas extras com quarentenas que poderiam chegar a três semanas em quartos de hotéis. Mesmo para os que aceitavam encarar o período de isolamento, os voos eram frequentemente cancelados ou custavam muito mais caro que o normal devido à redução drástica na oferta.

"Enfim posso voltar. Estou esperando esse dia há muito tempo", disse Chu, que reencontrará o pai, de 83 anos, e a mãe, de 78. "Não os vejo há três anos, e ambos pegaram Covid. Sinto-me muito sortuda, porque não foi grave, mas a saúde deles não é muito boa. Quero ir para casa e vê-los o mais rápido possível."

Apesar de permitida, essa viagem, na prática, contraria uma orientação. Guo Jianwen, do Conselho de Prevenção da Pandemia na China, pediu na quinta (12) que os chineses evitem visitar idosos, devido ao risco de contaminação por Covid para os grupos mais vulneráveis. "Vocês têm diversas maneiras de mostrar que se importam com eles. Não precisam, necessariamente, levar o vírus para suas casas."

Desde que aboliu a Covid zero, o regime de Xi Jinping tem apostado num conjunto de medidas que, segundo as autoridades, busca otimizar a resposta à pandemia. Além de reforçar as campanhas de vacinação, principalmente entre os idosos, grupo em que há uma lacuna maior de imunização, o país tem acelerado a produção de medicamentos utilizados no tratamento da doença.

De acordo com o Global Times, jornal alinhado ao Partido Comunista Chinês, as farmacêuticas chinesas têm avançado em negociações com as americanas, de modo que a Sinopharm, por exemplo, já disponibilizaria medicamentos como o molnupiravir no mercado doméstico ainda nesta sexta-feira. Trata-se de uma preparação "para proteger grupos de alto risco, dadas as possíveis ondas epidêmicas durante o próximo festival do Ano-Novo Lunar", diz a publicação.

A maior preocupação é com as regiões rurais no interior da China, tradicionalmente com menos infraestrutura hospitalar e índices menores de vacinação —e para onde devem ir milhões de chineses das grandes metrópoles durante o feriado.

Para Zeng Guang, ex-epidemiologista-chefe do Centro Chinês de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), a estratégia anti-Covid para as áreas rurais é boa, mas ainda há dúvidas sobre a eficácia de sua implementação. O especialista afirma que grandes cidades como Pequim e Chongqing já alcançaram seus picos de infecção, mas ele prevê que, em todo o país, o número de casos deve permanecer alto por dois a três meses, devido ao caráter cíclico das contaminações.

Com Reuters

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