Protesto contra reforma judicial de Netanyahu leva 80 mil às ruas de Israel

Atos em Tel Aviv dão dimensão de crise para governo de ultradireita recém-empossado no país

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Tel Aviv | Reuters

Dezenas de milhares de israelenses se manifestaram neste sábado (14) contra os planos de reforma judicial do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, com os organizadores acusando o líder de minar o regime democrático poucas semanas após sua reeleição.

Abrangendo uma coalizão religioso-nacionalista com sólida maioria parlamentar, Netanyahu, agora em seu sexto mandato, quer controlar a Suprema Corte, no que ele descreveu como uma restauração do equilíbrio dos três ramos do governo.

Manifestação em Tel Aviv contra o premiê israelense - Jack Guez - 14.jan.23/AFP

Os críticos dizem que as reformas propostas prejudicariam a independência judicial, fomentariam a corrupção, afetariam os direitos das minorias e privariam o sistema judiciário de Israel da credibilidade que ajuda a evitar acusações de crimes de guerra no exterior. Entre os opositores estão o presidente da Suprema Corte e a procuradora-geral do país.

Depois que o presidente israelense, Isaac Herzog, apelou aos políticos polarizados para diminuir a temperatura dos debates, os organizadores das manifestações —realizadas em três cidades apesar da chuva fria de inverno— buscaram dar um tom de unidade nacional.

"Pegue uma bandeira israelense em uma mão, um guarda-chuva na outra e saia para proteger a democracia e a lei no Estado de Israel", disse o ex-ministro da Defesa, o centrista Benny Gantz, que compareceu ao comício em Tel Aviv.

"Estamos preservando nossa casa compartilhada", dizia o cartaz de um manifestante. Netanyahu foi culpado de um "golpe legal", afirmou outro.

A mídia israelense estimou o número de participantes em Tel Aviv em cerca de 80 mil, com milhares a mais em protestos em Jerusalém e Haifa.

O primeiro-ministro sinalizou nesta sexta-feira (13) flexibilidade no plano de reforma do Judiciário, dizendo que ele seria implementado "com consideração cuidadosa ao ouvir todas as posições".

As pesquisas divergiram nas opiniões públicas sobre as reformas. A TV Channel 13 descobriu na semana passada que 53% dos israelenses se opunham a mudar a estrutura das nomeações do tribunal, enquanto 35% eram a favor. Mas pesquisa do Canal 14 TV na quinta-feira (12) resultou em 61% a favor e 35% contra.

Os críticos da Suprema Corte dizem que ela é exagerada e não representativa do eleitorado. Seus proponentes chamam o tribunal de meio de trazer equilíbrio a uma sociedade turbulenta.

"Prometemos mudança ao povo, prometemos governança, prometemos reformas —e vamos cumprir isso", disse Miki Zohar, parlamentar sênior do partido conservador Likud, de Netanyahu.

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