Suspeito de ataque que deixou 11 mortos na Califórnia deu aula de dança em local de massacre

Testemunhas relatam que homem tinha comportamento hostil; motivações do crime continuam desconhecidas

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São Paulo

Huu Can Tran, 72, suspeito de matar 11 pessoas e ferir outras nove a tiros em uma boate de Monterey Park, na Califórnia, deu aulas quase todas as noites no local no início dos anos 2000, quando morava a poucos metros dali, informaram testemunhas. A polícia divulgou nesta segunda-feira (23) que mais uma vítima não resistiu aos ferimentos, elevando o total de mortes a 11.

Pessoas que eram próximas a Huu descreveram-no como um homem de comportamento hostil. Não se sabe exatamente quando o homem parou de dar aulas no estúdio, mas ele se mudou para Hemet em 2013, depois de viver cerca de 20 anos em Monterey Park.

Homem coloca vela em homenagem às vítimas na entrada de boate em Monterey Park, Califórnia
Homem coloca vela em homenagem às vítimas na entrada de boate em Monterey Park, Califórnia - David Swanson/Reuters

As informações foram colhidas em depoimentos que tentam esclarecer o ataque —por ora, as motivações continuam desconhecidas. O crime ocorreu na noite de sábado (21), já madrugada de domingo no Brasil, próximo a uma festa do Ano-Novo Lunar. Sete pessoas atingidas permanecem internadas.

Monterey Park, onde 65% da população tem ascendência asiática, fica a 11 km do centro de Los Angeles. Autoridades informaram que apreenderam uma certidão de casamento antiga de Huu, que mostra que ele imigrou da China. A ex-mulher contou tê-lo conhecido décadas atrás, durante uma aula, e disse que ele se irritava facilmente. O casal se divorciou em 2005.

O atirador abriu fogo por volta das 22h20 de sábado (3h20 de domingo em Brasília) e em seguida foi para outro salão, na cidade vizinha de Alhambra. Autoridades afirmam que ele provavelmente tinha a intenção de cometer um segundo ataque, mas foi impedido por um jovem de 26 anos que conseguiu desarmá-lo.

Imagens de câmeras de segurança obtidas pela rede ABC mostram os dois lutando no saguão do Lai Lai Ballroom & Studio. "Pela linguagem corporal e expressão facial, ele estava buscando outras pessoas [para assassinar]", afirmou Brandon Tsay, que tomou a arma de Huu, ao jornal The New York Times.

Depois da luta, o homem fugiu e só foi encontrado morto em uma van, após horas de caçada. Ele se suicidou após ter sido cercado pela polícia, segundo as autoridades.

O ataque levou a uma onda de medo entre asiático-americanos e pôs em risco festividades do Ano-Novo Lunar nos EUA. Outras cidades enviaram agentes para reforçar a segurança em Monterey Park no domingo, e as comemorações na cidade foram canceladas.

O xerife do condado de Los Angeles, Robert Luna, disse que ainda é cedo para concluir se o caso foi um crime de ódio —as autoridades investigam se o atirador conhecia as vítimas. Além de ensinar dança quase cinco vezes por semana na boate, Huu também foi motorista de caminhão e proprietário de uma empresa de transportes de 2002 a 2004, segundo documentos obtidos pela rede americana CNN.

As autoridades ainda não revelaram a identidade de todas as vítimas, mas elas tinham de 50 a 80 anos. A polícia de Los Angeles informou que duas mulheres, My Nhan, 65, e Lilan Li, 63, estão entre os mortos. A ABC News informou que o instrutor de dança Ming Wei Ma também morreu. Dezenas de pessoas depositaram flores e velas em frente à boate, e uma vigília foi realizada na noite desta segunda.

O caso aumenta o histórico de massacres com armas nos EUA. De 2018 a 2021, o número de ataques provocados por atiradores nos EUA dobrou, segundo relatório do FBI divulgado em maio.

No primeiro ano do levantamento foram 30 ações causadas por um ou mais indivíduos com a intenção de matar em áreas populosas. Em 2021, esse número subiu para 61. Segundo a Gun Violence Archive, ONG que documenta casos de violência armada usando outros critérios, houve 354 ataques a tiros com vítimas fatais no ano passado. Mais de 44 mil pessoas morreram devido a armas de fogo no país em 2022, mais da metade das quais por suicídio. Os EUA têm mais armas do que pessoas: um a cada três adultos possui ao menos um artefato do tipo e quase um a cada dois adultos vive em uma casa onde há uma arma.

Com AFP e Reuters

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