Ataque a tiros em cidade de maioria asiática deixa 10 mortos na Califórnia

Incidente em Monterey Park, perto de Los Angeles, teria ocorrido em boate próxima a celebração do Ano-Novo Lunar

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São Paulo

Dez pessoas foram mortas e dez ficaram feridas num ataque a tiros neste sábado (21, madrugada de domingo no Brasil) em Monterey Park, na Califórnia, em uma boate próxima a uma festa do Ano-Novo Lunar.

Segundo as autoridades, o suspeito de ter realizado os disparos é um homem de origem asiática de 72 anos. Sua identidade não foi revelada. O suspeito foi encontrado morto em uma van após horas de caçada. Ele cometeu suicídio após ter sido cercado pela polícia, ainda de acordo com as autoridades.

Monterey Park, cuja população é formada por 65% de asiáticos, fica a 11 quilômetros do centro de Los Angeles. Ainda que as identidades das vítimas não tenham sido reveladas, a polícia afirmou que cinco delas eram homens, e as outras cinco, mulheres. Além das dez pessoas mortas, as outras dez feridas que foram encaminhadas a hospitais locais apresentavam condições que variam de estável a grave.

Polícia chega a local de tiroteio em Monterey Park, na Califórnia - Allison Dinner - 22.jan.2023/Reuters

O presidente Joe Biden ordenou que bandeiras em prédios governamentais sejam hasteadas a meio mastro por cinco dias em sinal de luto pelas vítimas. "Embora não saibamos muito sobre a motivação deste ataque sem sentido, nós sabemos que muitas famílias estão em luto hoje", disse ele, em comunicado.

O democrata ordenou ao FBI, a polícia federal americana, que dê "total apoio" às autoridades locais, afirmou a secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre.

Os policiais atenderam a chamados de emergência por volta das 22h20 de sábado (3h20 de domingo no horário de Brasília) e, ao chegarem ao local, encontraram pessoas gritando e tentando sair da boate, afirmou Andrew Meyer, do Departamento do Xerife do Condado de Los Angeles.

O agente disse ainda que os investigadores não sabem dizer se o suspeito conhecia as vítimas ou se os tiros foram disparados aleatoriamente.

"Vamos ver todos os ângulos", afirmou, acrescentando que as autoridades estavam revisando as imagens das câmeras de segurança. "Ainda é muito cedo para dizer se o incidente foi um crime de ódio ou não."

Os investigadores também verificam um eventual elo com um caso semelhante em Alhambra, vizinha a Monterey Park. Também em um local de dança, testemunhas disseram que um homem asiático entrou segurando uma arma que os clientes conseguiram pegar —não houve feridos.

O festival que celebra o Ano-Novo Lunar estava marcado para ir até as 21h do sábado e também ocorreria neste domingo, mas foi cancelado. O evento é tradicional na cidade e, em outras edições, atraiu mais de 100 mil visitantes por dia. "Nossos corações estão com os que perderam entes queridos em Monterey Park, onde um ataque a tiros acabou de ocorrer", disse o controlador de Los Angeles, Kenneth Mejia.

Entre 2018 e 2021, o número de ataques provocados por atiradores nos EUA dobrou, segundo relatório do FBI divulgado em maio. No primeiro ano do levantamento foram registradas 30 ações causadas por um ou mais indivíduos com a intenção de matar em áreas populosas. Em 2021, esse número subiu para 61.

A velocidade de crescimento dos episódios também subiu. Em 2019, a cifra se manteve estável em relação ao ano anterior, em 30 casos —em 2017, foram 31—, mas subiu para 40 em 2020, aumento de 33%. Na sequência, houve um salto de 52,5% nos registros em 2021, ainda de acordo com o relatório do FBI.

Ainda não há dados sobre 2022. Segundo a Gun Violence Archive, ONG que documenta casos de violência armada usando outros critérios, houve 354 ataques a tiros com vítimas fatais no ano passado.

Em 38 dos casos, ao menos quatro pessoas foram mortas. O mais letal se deu em uma escola em Uvalde, no Texas, onde três de cada quatro moradores são de origem latina. Com 21 mortos —19 crianças e 2 adultos—, o massacre foi o pior numa instituição de ensino infantil nos EUA em quase dez anos.

Mais de 44 mil pessoas morreram devido a armas de fogo no país em 2022, mais da metade das quais por suicídio. Os Estados Unidos têm mais armas do que pessoas: um a cada três adultos possui ao menos uma arma e quase um a cada dois adultos vive em uma casa onde há uma arma.

Com Reuters e AFP

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