Descrição de chapéu China América Latina

Honduras exigiu R$ 13 bilhões de Taiwan para não ceder à China, diz agência

Tegucigalpa anunciou na semana passada que pretendia abrir relações diplomáticas com Pequim

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Taipé | Reuters

Honduras exigiu US$ 2,5 bilhões (R$ 13,17 bi) de Taiwan dias antes de anunciar que pretendia estabelecer relações diplomáticas com a China —rompendo, dessa forma, seus laços com a ilha. A informação foi revelada pela agência de notícias central de Taiwan e confirmada pela Reuters nesta quarta-feira (22).

As bandeiras de Taiwan e Honduras diante da embaixada de Taipé em Tegucigalpa, capital hondurenha - Fredy Rodriguez - 15.mar.23/Reuters

Pequim considera Taipé uma província rebelde e parte inalienável de seu território. Uma das maneiras que encontrou para levar outros países a compartilharem desse entendimento é o princípio de "uma só China", que determina que cada nação com quem o gigante asiático se relaciona deve sinalizar qual regime reconhece como legítimo: a ditadura comunista de partido único que rege o país ou o governo capitalista fundado pelos nacionalistas derrotados durante a guerra civil.

Segundo a agência de notícias taiwanesa, dois dias antes do anúncio, o chanceler hondurenho, Eduardo Enrique Reina, escreveu à chancelaria taiwanesa exigindo o dinheiro. Antes mesmo de receber uma resposta, porém, a presidente Xiomara Castro anunciou o novo posicionamento de seu país no Twitter.

Honduras negou a exigência do pagamento, dizendo que o país havia apenas pedido que Taiwan honrasse a dívida pública hondurenha.

Questionada sobre o assunto, Tegucigalpa não se pronunciou. Na semana passada, porém, Reina havia afirmado que parte da decisão do governo de Xiomara se devia ao fato de que o país da América Central estava "afundado até o pescoço" em empréstimos e problemas financeiros, incluindo uma dívida de US$ 600 milhões com Taipé (R$ 3,16 bi).

O chanceler teria chegado a pedir à ilha para dobrar sua ajuda anual para US$ 100 milhões (R$ 526 milhões), mas não teve retorno, além de ter falhado ao tentar renegociar o passivo.

Honduras ainda não oficializou a ruptura com Taiwan. Caso ela se confirme, isso aprofundaria ainda mais o isolamento da ilha, que passaria a só ser reconhecida por 13 países.

Ainda nesta quarta-feira, o vice-ministro das Relações Exteriores taiwanês, Tien Chung-kwang, afirmou em sessão de perguntas e respostas no Parlamento que o governo não pretendia "desistir tão fácil" de Honduras e que ainda trabalhava arduamente nesse sentido.

Taipé suspeita que o gigante asiático esteja por trás do anúncio de Xiomara. Chung-kwang classificou o envolvimento da China na decisão de Honduras de encerrar as relações com a ilha como "muito óbvio", resumindo que "a situação não parece boa".

Especialistas afirmaram à Reuters que, em geral, quando se rompe relações diplomáticas com Taiwan, isso se dá imediatamente. Já a demora de Tegucigalpa para estabelecer laços com Pequim seria altamente incomum. O Ministério das Relações Exteriores da China não respondeu a um pedido de esclarecimento sobre o assunto.

O anúncio de Honduras se deu um mês antes de uma visita da presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, às Américas. O itinerário inclui passagens por Guatemala e Belize —dois dos sete países da América Central que reconhecem Taiwan como Estado autônomo. E pelos Estados Unidos, onde a líder se reunirá com o presidente da Câmara, o republicano Kevin McCarthy.

Países da América Central mantiveram proximidade com Taiwan durante décadas. Nos últimos anos, porém, vários deles começaram a romper laços com a ilha em favor da China à medida que ela expandia sua presença econômica na América Latina e no Caribe.

Erramos: o texto foi alterado

A dívida de Honduras com Taiwan, segundo a chancelaria do país centro-americano, é de R$ 3,16 bilhões, não de R$ 3,16 milhões, como afirmava versão anterior deste texto.

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