Descrição de chapéu greve inflação

Reino Unido e sindicatos chegam a acordo que pode encerrar greves na saúde

Aumento salarial proposto não acompanha as taxas de inflação, mas é considerado razoável por representantes da categoria

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Belo Horizonte

O governo do Reino Unido e os sindicatos de saúde do país chegaram nesta quinta (16) a um acordo com potencial para encerrar as greves no NHS —o sistema de saúde público britânico—, que já duram meses.

A proposta do premiê Rishi Sunak estabelece, entre outras coisas, que enfermeiros receberão aumento salarial de 5% no próximo ano.

Embora a maioria dos sindicatos da área recomende que se aceite a proposta, descrita como justa e razoável, as greves só serão encerradas após um período de consulta entre todos os membros.

um manifestante está no canto da imagem segurando um cartaz que diz, em inglês, "Em greve para salvar o Serviço Nacional de Saúde". uma multidão o acompanha, com demais faixas e cartazes. no canto esquerdo da imagem, é possível ver o monumento característico da Trafalgar Square, uma coluna de pedra
"Em greve para salvar o Serviço Nacional de Saúde"; manifestantes protestam por aumento salariais na Trafalgar Square, em Londres - Carlos Jasso - 18.jan.23/AFP

O acordo cobriria cerca de um milhão de enfermeiros, paramédicos, obstetras e demais trabalhadores da saúde por dois anos até abril de 2024. Médicos juniores, que estão em uma disputa separada, não se enquadram na proposta.

"Esta oferta é boa para a equipe do NHS, é boa para o contribuinte e, o mais importante, é uma boa notícia para os pacientes cujos cuidados não serão mais interrompidos pela ação de greve", afirmou Sunak.

A crise que pressiona o premiê representa a pior onda de paralisações trabalhistas desde a década de 1980 no Reino Unido. Principalmente entre junho e agosto do último ano e desde o início de dezembro, trabalhadores de diversas categorias do serviço público cruzaram os braços reivindicando reajustes salariais acima do teto da inflação.

O serviço de saúde britânico tem sido particularmente afetado pelas greves, especialmente por conta de uma crise de pessoal e pelas consequências da pandemia de Covid-19. Em fevereiro, dezenas de milhares de enfermeiros e paramédicos realizaram a maior greve nos 75 anos de história do NHS. Membros das Forças Armadas chegaram a ser capacitados para, por exemplo, conduzir ambulâncias, numa tentativa de mitigar as consequências da interrupção dos serviços.

Mesmo que o novo acordo não contemple todas as demandas da categoria, três dos principais sindicatos da área –Unison, GMB e o Royal College of Nursing (RCN)– entenderam que ele representa o progresso. Os sindicatos geralmente procuraram aumentos mais alinhados com a inflação, que hoje está perto de 10%.

A Unite, por sua vez, disse que interromperia as greves durante a consulta entre os membros, mas não conseguiu recomendar a oferta. O sindicato não deu um motivo específico para a decisão.

Ainda não se sabe quanto o acordo vai custar aos cofres britânicos –tanto Sunak quanto o ministro da Saúde, Steve Barclay, se recusaram a detalhar valores. O sindicato GMB disse que a oferta colocava cerca de 2,5 bilhões de libras extras (R$ 15,8 bi) à disposição. Detalhes do financiamento para a oferta permanecem nebulosos.

"Não está claro se o Tesouro acabará por fornecer o financiamento necessário para cobrir o custo desse acordo", disse à agência de notícias Reuters o economista sênior Ben Zaranko, do Instituto de Estudos Fiscais britânico. "Se isso acontecesse, seria uma alteração significativa para os planos de contenção de gastos".

A crise na economia britânica reflete tanto a instabilidade política do governo, que teve uma sequência de três primeiros-ministros em menos de quatro meses, quanto as consequências da crise energética, da Guerra na Ucrânia e do brexit. A inflação chegou a 11,1% em outubro passado, maior taxa em 41 anos.

Com Reuters

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