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Senado da França aprova artigo-chave em reforma da Previdência de Macron apesar de protestos

Aumento da idade mínima para aposentadoria passou com folga por senadores em Casa dominada pela direita

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São Paulo

O Senado da França aprovou na madrugada desta quinta-feira (9) —noite de quarta (8) no Brasil— o simbólico artigo 7º da reforma da Previdência proposta pelo governo de Emmanuel Macron. Considerado essencial no projeto, o trecho aumenta de 62 para 64 a idade mínima para aposentadoria. Foram a favor da medida 201 senadores, e 115 rejeitaram a proposta.

De acordo com o texto, a idade para se aposentar deve cair três meses por ano a partir de setembro de 2023 até atingir o novo patamar em 2030. Para entrar em vigor, a reforma precisa passar pelas duas Casas do Parlamento até o próximo dia 26.

Senadores debatem reforma da Previdência proposta pelo governo de Emmanuel Macron - Alain Jocard - 6.mar.2023/AFP

A sessão se estendeu até a madrugada devido a tentativas da esquerda de obstruir a votação. A mesma manobra foi usada com sucesso pelos deputados da oposição na Assembleia Nacional —o artigo não chegou a ser avaliado por falta de tempo hábil.

O Senado tem ainda até o próximo domingo (12) para terminar de analisar a reforma.

A votação acachapante em um Senado dominado pela direita mostrou a força do impopular projeto de Macron, que enfrenta ruas lotadas de manifestantes contra a reforma desde o começo do ano, quando a proposta foi apresentada pelo presidente e pela primeira-ministra Elisabeth Borne. A expectativa era que a pressão dos protestos esfriasse o ritmo de tramitação da reforma, o que não ocorreu.

Além da idade mínima, o governo também quer aumentar o tempo de contribuição para acessar a aposentadoria integral de 42 para 43 anos.

Na última terça-feira (7), o país registrou mais um dia de greve nacional com escolas fechadas e serviços ferroviários e de fornecimento de combustíveis interrompidos. A sexta mobilização contra o projeto levou mais de 1,2 milhão de pessoas às ruas, segundo dados do Ministério do Interior, e foi a maior até o momento, de acordo com sindicatos.

O desafio dos sindicatos nos próximos dias é manter a unidade. Nesta quarta-feira (8), os grevistas bloquearam pelo segundo dia consecutivo os transportes de combustíveis nas refinarias do grupo TotalEnergies. Já a refinaria do grupo Petroineos, filial da britânica Ineos e da PetroChina, registrava adesão de 80% dos funcionários à greve. O bloqueio também prosseguiu nas unidades do grupo Esso ExxonMobil.

As refinarias são obrigadas a armazenar o combustível produzido em suas centrais. Caso esgotem sua capacidade, devem suspender as atividades —cenário de um eventual bloqueio que dure semanas.

A diretoria da TotalEnergies garantiu na última terça que os postos de gasolina não sofrerão falta de combustíveis na atual situação. Em outubro, dias seguidos de protestos para reivindicar aumento salarial provocaram escassez em um terço dos estabelecimentos.

O bloqueio persiste ainda nos quatro terminais de GNL (gás natural liquefeito) e nos depósitos de gás, informou Fabrice Coudour, do CGT (Confederação Geral do Trabalho, maior sindicato da França). "Isso vai continuar nos próximos dias, porque o objetivo é pressionar", disse ele.

Os transportes também registram problemas pelo segundo dia consecutivo, com cancelamentos de voos e de viagens de trens.

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