Itamaraty anuncia alta representante para temas de gênero na diplomacia

Vanessa Dolce de Faria, hoje no consulado do Brasil em Barcelona, deve assumir cargo anunciado no Dia da Mulher

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São Paulo

O Itamaraty anunciou nesta quarta-feira (8), Dia Internacional da Mulher, a indicação de uma alta representante para temas de gênero na diplomacia brasileira. A escolhida foi Vanessa Dolce de Faria, hoje cônsul-geral adjunta do Brasil em Barcelona.

Faria publicou artigos sobre a participação da mulher na política externa e ingressou no Instituto Rio Branco, local de formação de diplomatas, em 1999. No Itamaraty, trabalhou com temas como a África lusófona, foi assessora especial da Presidência e serviu nas embaixadas em Assunção e Buenos Aires.

Obra localizada no prédio do Ministério das Relações Exteriores, em Brasília
Obra localizada no prédio do Ministério das Relações Exteriores, em Brasília - Pedro Ladeira - 8.mar.17/Folhapress

Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores diz que a medida reafirma a prioridade da pasta, hoje chefiada pelo chanceler Mauro Vieira, de promoção da igualdade de gênero em suas fileiras.

Como alta representante para o tema, Faria deve participar de reuniões internacionais sobre assuntos ligados a gênero e atuar em articulação com outros ministérios para avançar na igualdade.

Desde que a nova gestão assumiu a pasta no governo Lula 3, mulheres diplomatas ampliaram a pressão por maior igualdade de gênero. Ainda em janeiro, por exemplo, foi fundada a Associação das Mulheres Diplomatas Brasileiras, liderada por Irene Vida Gala.

O grupo espera que até a metade deste ano Vieira organize uma portaria que possibilite aumentar o número de mulheres em cargos de liderança. Hoje, 23% dos diplomatas são mulheres, mas elas ocupam apenas 12,2% dos postos de chefia no exterior —muitos dos quais em consulados. Vagas estratégicas nas embaixadas e em secretarias importantes da pasta continuam sendo redutos masculinos.

Sinalização importante foi dada pelo ministério ao nomear para a embaixada de Washington, uma das mais importantes, a diplomata Maria Luiza Ribeiro Viotti, primeira mulher a ocupar esse posto.

Por outro lado, houve frustração na ala feminina da pasta quando o embaixador Julio Bitelli foi escolhido para chefiar a embaixada em Buenos Aires, outra de importância estratégica para as relações exteriores. Esperava-se que o Itamaraty também nomeasse uma mulher.

Em julho passado, a turma que ingressou no Instituto Rio Branco registrou recorde de participação feminina da história da instituição: dos 36 admitidos, 15 eram mulheres —cerca de 42%. A média de candidatas aprovadas no processo seletivo até então era de 23,54%.

Ainda nesta quarta, o ministério anunciou a criação de um prêmio sobre assuntos de política externa e relações internacionais voltado exclusivamente para pesquisadoras mulheres. A premiação leva o nome de Maria José de Castro Rebello Mendes, baiana que se tornou a primeira mulher concursada do Brasil em 1918 ao ser aprovada em primeiro lugar no concurso para a Secretaria de Relações Exteriores.

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