Os planos da prefeitura da cidade de Amsterdã de criar uma espécie de centro erótico no bairro De Wellen, o distrito da luz vermelha, região que concentra locais de prostituição, causou desgaste na relação com a Agência Europeia de Medicamentos, a EMA.
Desde 2021, a prefeitura planejava um edifício que reunisse salas para trabalhos sexuais, assim como bares e outros locais de entretenimento, com o objetivo de diminuir a superlotação das ruas do bairro, um dos principais pontos turísticos da Holanda, e reduzir crimes.
O plano ganhou corpo, e, em fevereiro, a prefeita Femke Halsema anunciou que três locais são cogitados para abrigar o edifício. Dois deles, porém, ficam a dez minutos de caminhada da sede da EMA, o que causou incômodo e fez a agência ligada à União Europeia se manifestar.
Em nota nesta terça-feira (7), a agência disse temer os impactos negativos que o projeto poderia trazer para seus arredores, como "incômodos, tráfico de drogas, embriaguez e comportamento desordeiro".
A sede da EMA estava localizada em Londres até 2019, quando foi transferida para Amsterdã após o Reino Unido formalizar o brexit, a saída da UE. A agência afirma que seu prédio comporta cerca de 900 funcionários e recebe rotineiramente visitantes internacionais.
De acordo com os planos que vinham sendo anunciados pela prefeita Femke Halsema, do Esquerda Verde, o centro erótico permitira fechar cem dos 249 bordeis que atuam na região do distrito da luz vermelha. O local seria um empreendimento privado construído em terreno público.
"O trabalho sexual pertence a Amsterdã e nunca vai acabar", afirmou ela em um comunicado. "Mas a situação no centro da cidade está insustentável; os moradores estão sob a pressão do grande fluxo de turistas que às vezes se comportam mal e causam incômodo."
Halsema argumenta que a construção do centro erótico diminuiria a pressão em De Wallen e permitira que prostitutas trabalhassem em um local seguro, legal e sem perturbações. E os visitantes teriam acesso a cultura, entretenimento —e erotismo.
Há alguns meses, a prefeita disse a um jornal local que prioriza que os planos de reorganização do espaço urbano não contribuam para criminalizar a prostituição. "É importante que o trabalho sexual esteja fora da atmosfera do crime. Espero que seja possível criar um centro onde mulheres mais vulneráveis se reúnam sem vergonha."
Do lado da EMA, a agência frisou à agência de notícias holandesa ANP que está tomando ações políticas e diplomáticas, junto com a Comissão Europeia, para assegurar "segurança e tranquilidade" nos arredores de suas instalações.
Há pouco menos de um mês, em mais uma frente na busca de amenizar o incômodo de moradores com excessos de turistas na região, Amsterdã anunciou o banimento do consumo de maconha nas ruas de De Wellen a partir de meados de maio.
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