Descrição de chapéu União Europeia

Plano de Amsterdã de criar centro erótico cria rusga com agência da União Europeia

Prefeitura da cidade planeja construir edifício em região próxima à sede da Agência Europeia de Medicamentos

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Os planos da prefeitura da cidade de Amsterdã de criar uma espécie de centro erótico no bairro De Wellen, o distrito da luz vermelha, região que concentra locais de prostituição, causou desgaste na relação com a Agência Europeia de Medicamentos, a EMA.

Desde 2021, a prefeitura planejava um edifício que reunisse salas para trabalhos sexuais, assim como bares e outros locais de entretenimento, com o objetivo de diminuir a superlotação das ruas do bairro, um dos principais pontos turísticos da Holanda, e reduzir crimes.

Ruas do distrito da luz vermelha, na cidade de Amsterdã, com poucos turistas no início da pandemia de Covid
Ruas do distrito da luz vermelha, na cidade de Amsterdã, com poucos turistas no início da pandemia de Covid - Piroschka van de Wouw - 15.mar.20/Reuters

O plano ganhou corpo, e, em fevereiro, a prefeita Femke Halsema anunciou que três locais são cogitados para abrigar o edifício. Dois deles, porém, ficam a dez minutos de caminhada da sede da EMA, o que causou incômodo e fez a agência ligada à União Europeia se manifestar.

Em nota nesta terça-feira (7), a agência disse temer os impactos negativos que o projeto poderia trazer para seus arredores, como "incômodos, tráfico de drogas, embriaguez e comportamento desordeiro".

A sede da EMA estava localizada em Londres até 2019, quando foi transferida para Amsterdã após o Reino Unido formalizar o brexit, a saída da UE. A agência afirma que seu prédio comporta cerca de 900 funcionários e recebe rotineiramente visitantes internacionais.

De acordo com os planos que vinham sendo anunciados pela prefeita Femke Halsema, do Esquerda Verde, o centro erótico permitira fechar cem dos 249 bordeis que atuam na região do distrito da luz vermelha. O local seria um empreendimento privado construído em terreno público.

"O trabalho sexual pertence a Amsterdã e nunca vai acabar", afirmou ela em um comunicado. "Mas a situação no centro da cidade está insustentável; os moradores estão sob a pressão do grande fluxo de turistas que às vezes se comportam mal e causam incômodo."

Halsema argumenta que a construção do centro erótico diminuiria a pressão em De Wallen e permitira que prostitutas trabalhassem em um local seguro, legal e sem perturbações. E os visitantes teriam acesso a cultura, entretenimento —e erotismo.

Há alguns meses, a prefeita disse a um jornal local que prioriza que os planos de reorganização do espaço urbano não contribuam para criminalizar a prostituição. "É importante que o trabalho sexual esteja fora da atmosfera do crime. Espero que seja possível criar um centro onde mulheres mais vulneráveis se reúnam sem vergonha."

Do lado da EMA, a agência frisou à agência de notícias holandesa ANP que está tomando ações políticas e diplomáticas, junto com a Comissão Europeia, para assegurar "segurança e tranquilidade" nos arredores de suas instalações.

Há pouco menos de um mês, em mais uma frente na busca de amenizar o incômodo de moradores com excessos de turistas na região, Amsterdã anunciou o banimento do consumo de maconha nas ruas de De Wellen a partir de meados de maio.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.