Uma coluna de fumaça se projetou sobre o porto de Sebastopol, na Crimeia, após uma explosão em um reservatório de petróleo neste sábado (29). Segundo o prefeito da cidade, Mikhail Razvojaev, representante da Rússia —a península foi anexada por Vladimir Putin em 2014, após a derrubada do governo pró-Kremlin da Ucrânia—, o incidente foi resultado de um ataque de drone ucraniano.
Razvojaev acrescentou que um outro drone havia sido lançado em direção às instalações, mas foi abatido —seus destroços foram encontrados na costa perto do terminal.
Segundo ele, o fogo foi totalmente extinto em algumas horas e não houve feridos. "O inimigo queria pegar Sebastopol de surpresa, como sempre, realizando um ataque furtivo pela manhã", disse. Mas, prosseguiu, os bombeiros russos mostraram como "prevenir uma catástrofe".
A Ucrânia não assumiu a autoria do atentado. Mas Andrii Iusov, integrante das Forças Armadas do país invadido, disse à emissora RBC que a explosão foi uma "punição de Deus". "E essa punição será duradoura. Em um futuro próximo, é melhor para todos os moradores da Crimeia não estejam perto de instalações militares usadas pelo Exército agressor", completou.
Outro oficial, este da inteligência militar, afirmou sob anonimato à agência de notícias Reuters que mais de dez tanques de derivados de petróleo, com capacidade de cerca de 40 mil toneladas, foram destruídos na explosão.
Mais tarde, autoridades da Rússia acusaram a Ucrânia pela morte de duas pessoas em um bombardeio na região de Briansk, próxima da fronteira. Alexander Bogomaz, dirigente da província, afirmou que um prédio foi completamente destruído, e duas casas, parcialmente danificadas.
Os episódios ocorrem um dia depois de a Rússia disparar mais de 20 mísseis e dois drones contra a Ucrânia, matando pelo menos 25 pessoas. Quase todas as vítimas morreram quando os artefatos atingiram um prédio de apartamentos na cidade de Uman, localizada no centro do território invadido.
Autoridades de Kiev afirmam que o país está pronto para iniciar uma contraofensiva agora que as condições do solo já são mais estáveis, depois do inverno no Hemisfério Norte. Ao longo da estação, a ofensiva coube apenas aos russos, que concentraram suas ações em Bakhmut, no leste ucraniano.
As forças russas avançaram, mas não conseguiram tomar a cidade estratégica. Observadores sugerem que a contraofensiva ucraniana possa ocorrer em Kherson, ao sul, numa tentativa de cortar a ligação por terra estabelecida entre a Rússia e a Crimeia.
As ações, no entanto, levantam dúvidas. Primeiramente, porque os russos tiveram bastante tempo para se entrincheirar, e imagens de satélite mostram camadas sucessivas de linhas defensivas ao longo da frente. Em segundo lugar, a Ucrânia não parece ter força militar para retomar territórios de forma decisiva, apesar do reforço de algumas dezenas de tanques ocidentais de segunda mão e dos novos mísseis americanos remetidos às suas tropas.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.