Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Rússia e Índia estreitam laços militares em meio à Guerra da Ucrânia

Moscou e Nova Déli declaram relacionamento 'único e duradouro' ao anunciar parcerias na defesa

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Nova Déli | Reuters

Índia e Rússia concordaram em fortalecer a parceria de defesa nesta sexta-feira (28) após reconhecerem relacionamento "único, duradouro e resiliente" entre os dois países, segundo comunicado do governo indiano.

O anúncio acontece após conversas entre os ministros da Defesa das nações na reunião da Organização de Cooperação de Xangai, em Nova Déli. O bloco econômico e de segurança criado em 2001 reúne, além dos dois países, a China, o Paquistão, o Irã e mais quatro nações que foram repúblicas da União Soviética.

O ministro da Defesa da Índia, Rajnath Singh, e seu homólogo da Rússia, Serguei Shoigu, antes de reunião em Nova Deli - Adnan Abidi/Reuters

Rajnath Singh, chefe da pasta na Índia, e Serguei Shoigu, homólogo da Rússia, "expressaram satisfação pela contínua confiança e pelo respeito mútuo entre os dois países, particularmente na defesa, e reiteraram seu compromisso com o fortalecimento da parceria", informou o comunicado, sem entrar em detalhes. De acordo com a nota, eles conversam também sobre paz e segurança regional.

A mensagem tem peso simbólico no momento em que a geopolítica se reorganiza para o que vem sendo chamado de uma Guerra Fria 2.0, com Otan de um lado e Rússia e aliados do outro. Há também questões práticas como pano de fundo —Nova Déli teme que a Guerra da Ucrânia esteja prejudicando seu estoque de suprimentos militares vindos de Moscou.

A Índia, maior importadora de armas do mundo, depende da Rússia para quase metade de seu abastecimento bélico. Nas últimas décadas, o país comprou caças, tanques, submarinos nucleares e um porta-aviões do parceiro. O conflito no leste europeu, porém, interrompeu o fornecimento de peças russas essenciais para a Índia manter suas frotas.

Ao contrário do Ocidente, que envia armas para Kiev e promove sanções econômicas contra a Rússia, Nova Déli se recusa a responsabilizar publicamente Moscou pela guerra. Ao contrário —a Índia aumentou seu comércio com a Rússia a um nível recorde, impulsionado em grande medida pela importação de petróleo russo que deixou de ser vendido para a Europa.

Líderes ocidentais que tentam isolar o presidente russo Vladimir Putin criticam a proximidade entre os dois países, e Nova Déli se defende afirmando que pressiona por uma solução diplomática para o conflito. O Brasil enfrenta corda bamba semelhante. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenta engatar uma solução mediada por países neutros e procura não estremecer a relação com a Rússia, com quem compõe o Brics ao lado da Índia. Suas declarações, porém, são frequentemente vistas como tomadas de posição pró-Putin.

Na semana passada, Nova Déli e Moscou fizeram aceno semelhante no plano econômico. "As partes revisaram toda a gama de relações comerciais e econômicas bilaterais e concordaram em trabalhar juntas para liberar todo o seu potencial", afirmou nota do Ministério das Relações Exteriores indiano após conferência na qual compareceu o vice-primeiro-ministro russo, Denis Manturov.

Moscou, que enfrenta uma esperada contra-ofensiva das forças ucranianas nas próximas semanas, recebeu os ministros da Defesa do Irã, Síria e Turquia na última terça-feira (25). Na reunião desta sexta, o ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, disse que o objetivo real do Ocidente na Ucrânia é derrotar estrategicamente a Rússia, representar uma ameaça para a China e manter sua posição de monopólio, informou a agência de notícias estatal russa RIA.

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