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Lula é recebido por Dilma no aeroporto ao desembarcar na China

Atual presidente participa de cerimônia de posse da petista na liderança do Banco do Brics

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Xangai

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi recebido pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT) ao desembarcar no aeroporto de Xangai, na China, nesta quarta-feira (12), às 22h20 do horário local (11h20 em Brasília).

O líder brasileiro chegou 30 minutos depois ao hotel, no centro da cidade, sem falar com os jornalistas que o esperavam. Entrou de mãos dadas com a primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, a Janja, e sorrindo, mas aparentando cansaço após mais de 30 horas de viagem —o avião presidencial tem pouca capacidade de voo e, por isso, precisou fazer três paradas durante o trajeto.

Lula é recebido pela ex-presidente Dilma ao desembarcar no Aeroporto Internacional de Xangai Hongqiao - Ricardo Stuckert/Divulgação

No hotel, Lula voltou a se reunir com Dilma. Ele participa da posse da petista na chefia do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês), mais conhecido como Banco do Brics, nesta quinta (13).

Cercada por repórteres e câmeras, a ex-presidente evitou falar sobre o banco, prometendo novidades para a entrevista no dia seguinte. Elogiou Xangai, onde já está morando: "É uma cidade muito agradável, com um paisagismo lindo, cheia de árvores, flores".

A cerimônia de posse de Dilma não é o único compromisso de Lula em Xangai. Ele ainda se reúne com o CEO do gigante de tecnologia Huawei e, separadamente, com os CEOs da BYD e da CCCC.

Tanto o presidente brasileiro quanto Janja ainda terão que realizar um novo teste de Covid 24 horas antes do encontro com o líder chinês, Xi Jinping, em Pequim, no dia seguinte. Segundo a Secretaria de Comunicação Social da Presidência, trata-se de um procedimento padrão também aplicado a políticos de outros países. O casal presidencial já havia realizado o teste para a doença antes de embarcar.

Na sexta, Lula conversa separadamente com o premiê Li Qiang e o presidente do Congresso Nacional do Povo, Zhao Leji. A reunião com Xi começa às 16h10, no Grande Palácio do Povo, e se estenderá por uma cerimônia de assinaturas de atos e um jantar oferecido pelo líder chinês.

Na pauta, devem estar a adesão do Brasil à Iniciativa Cinturão e Rota, para investimento chinês em infraestrutura, e um acordo da montadora chinesa BYD para adquirir a antiga fábrica da Ford na Bahia.

A entrada do Brasil na BRI (sigla em inglês para a iniciativa) seria a resposta a uma cobrança de Xi Jinping para fazer deslanchar os investimentos que Lula deseja em novos ativos produtivos de infraestrutura, inclusive ferrovias e hidrelétricas.

Integrantes da comitiva brasileira ouvidos pela Folha deram sinais tanto na direção de que o presidente brasileiro pode assinar um memorando para entrar no programa chinês, que já abrange 21 países latino-americanos, como pode se limitar a um apoio simbólico, sem adesão formal.

A adesão é uma das pontas soltas para as quais se espera um desfecho durante a estadia de Lula na China. A mídia estatal chinesa tem anotado o desejo brasileiro de maior investimento não só em infraestrutura, mas na "diversificação" econômica. O ingresso formal, por outro lado, preocupa os EUA, que veem na expansão da Iniciativa Cinturão e Rota uma tentativa de Pequim de ampliar sua influência.

Lula também deve colocar em discussão sua proposta de criação de um "clube da paz" para mediar as negociações entre Rússia e Ucrânia. A iniciativa não foi bem recebida por líderes ocidentais, mas o petista se diz convencido de que Moscou e Kiev "estão esperando que alguém diga 'vamos sentar e conversar'".

Para tal, já disse que "está na hora de a China colocar a mão na massa" —Xi é próximo de Vladimir Putin, com quem selou um acordo de "amizade sem limites" dias antes da eclosão da Guerra da Ucrânia.

No primeiro aniversário da guerra, a China apresentou sua proposta de paz para encerrar o conflito no Leste Europeu. O documento em 12 partes inclui medidas como a oposição ao uso de armas nucleares, o fim das sanções impostas a Moscou e a recusa do que chama de "mentalidade de Guerra Fria".

O projeto, no entanto, foi recebido com ceticismo no Ocidente, cujos líderes não compraram a ideia de que Pequim não tem lado na guerra. Lula encerra a viagem oficial à China no sábado, quando vai a Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, para encontrar o líder do país, Mohamed bin Zayed.

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