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Manifestantes contra reforma da Previdência invadem loja da Louis Vuitton em Paris

Greve e atos ocorrem pela 12ª vez na França, na véspera da decisão final sobre texto do governo Macron

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Toulouse (França)

Manifestantes grevistas contra a controversa reforma da Previdência promovida pelo governo de Emmanuel Macron invadiram nesta quinta-feira (13) a sede do império de luxo LVMH, em Paris, com sinalizadores de fumaça e alto-falantes, durante a 12ª jornada de protestos na França.

Os atos acontecem na véspera do parecer do Conselho Constitucional sobre a proposta e tiveram uma evidente redução no número de participantes: 380 mil, segundo o Ministério do Interior, contra 570 mil na semana passada e mais de 1 milhão no dia 19 de março. De acordo com a junta intersindical que articula as greves e os protestos, os atos desta quinta reuniram mais de 1,5 milhão de pessoas pelo país.

Manifestantes entram em confronto com policiais durante protesto contra reforma da Previdência em Nantes, na França
Manifestantes entram em confronto com policiais durante protesto contra reforma da Previdência em Nantes, na França - Loic Venance/AFP

A LVMH é uma holding detentora de marcas como Louis Vuitton, Tiffany, Moët & Chandon. Executivo-chefe do gigante de luxo, o francês Bernard Arnault, com fortuna de US$ 211 bilhões, recentemente desbancou Elon Musk, dono da Tesla e do Twitter, como a pessoa mais rica do mundo, segundo a revista Forbes.

A invasão à sede da holding, onde fica uma loja da Louis Vuitton, foi protagonizada por trabalhadores dos sindicatos ferroviários, da saúde e da educação, entre jovens estudantes e black blocs, que entoaram palavras de ordem contra o capitalismo. Eles deixaram o local cerca de dez minutos depois.

"Viemos aqui para, simbolicamente e pacificamente, dar ao governo a ideia de tirar recursos dos bolsos dos bilionários", disse Fabien Villedieu, um ativista da SUD-Rail, sindicato dos trabalhadores ferroviários.

Ao final dos atos desta quinta na capital francesa, a sede do Banco da França (BNF) foi atacada por manifestantes radicais, que atiraram fogos de artifício contra o prédio na Praça da Bastilha e picharam suas paredes com frases como "tudo foi pago, Macron" e "taxar os ricos". Em Bordeaux, manifestantes também tentaram incendiar a sede local do Banco da França, mas foram impedidos por policiais.

No total, 36 pessoas foram presas e 156 ficaram feridas em Paris. Ao menos dez agentes de segurança também apresentaram ferimentos. Em Lyon, confrontos entre manifestantes e policiais deixaram feridos, entre os quais um jornalista do site de notícias Actu. Os atos em Rennes, por sua vez, foram marcados por incêndios a carros nas ruas, enquanto em Nantes os confrontos entre manifestantes e agentes duraram quase duas horas. Atos numerosos ocorreram também em Marselha, Toulouse e Bordeaux.

O ministro do Interior, Gérald Darmanin, proibiu atos no entorno da sede do Conselho Constitucional, onde os chamados "sábios" analisam há semanas o texto da reforma e seu percurso até a aprovação.

A reforma da Previdência francesa foi imposta aos franceses a partir da decisão anunciada pela primeira-ministra Élisabeth Borne de recorrer a um dispositivo constitucional considerado pouco democrático. O artigo 49.3 da Constituição Francesa permite a aprovação de projetos de lei apresentados pelo governo mesmo sem a votação do texto pela Assembleia Nacional.

Nesta sexta (14), o Conselho Constitucional vai emitir seu parecer sobre a reforma. Ele pode aprovar o texto na sua integralidade, aprová-lo com ressalvas ou rejeitá-lo totalmente. A aprovação da reforma pelo conselho seria uma vitória da dupla Macron-Borne que pode reacender os movimentos de rua, prolongando ainda mais a crise política e social no país. Neste caso, o texto é promulgado imediatamente.

A rejeição total da reforma, por outro lado, seria uma vitória do movimento sindical que deixaria a primeira-ministra francesa na berlinda. Laurent Berger, secretário-geral da Confederação Francesa Democrática do Trabalho (CFDT) disse no ato parisiense que a luta sindical contra a reforma previdenciária estava "longe do fim". Ele projeta grandes manifestações populares em 1º de maio.

A secretária-geral da Confederação Geral do Trabalho, Sophie Binet, afirmou que, "ao contrário do que o governo espera, o movimento não acabou" e que Macron "não pode governar até que retire esta reforma".

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