Descrição de chapéu greve

Secretário de Buenos Aires leva socos e pedradas em protesto de motoristas de ônibus

Titular da Segurança foi encurralado por 30 minutos e teve osso quebrado em manifestação motivada por morte de condutor

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Buenos Aires

O secretário de Segurança da província de Buenos Aires, na Argentina, foi agredido a socos e pedradas nesta segunda (3) durante um protesto de motoristas de ônibus. A manifestação foi motivada pelo assassinato de um condutor num suposto assalto durante a madrugada.

Sergio Berni chegou ao local de helicóptero por volta das 11h40 e caminhou até o grupo para conversar, mas logo foi atacado, de acordo com a imprensa local. Ele estava acompanhado do secretário de Transporte, Jorge D'Onofrio, e de uma pequena equipe de policiais.

O secretário de Segurança de Buenos Aires, Sergio Berni, é agredido durante manifestação
O secretário de Segurança de Buenos Aires, Sergio Berni, é agredido durante manifestação - Maxi Failla/Clarín

Os agentes não conseguiram conter os manifestantes, que cercaram o secretário. Os xingamentos escalaram até que eles o encurralaram em um muro, desferindo golpes e jogando objetos, segundo as imagens divulgadas por diferentes emissoras que cobriam a greve.

Em certo momento, já com o nariz inchado e coberto de sangue, ele coloca as mãos no rosto e parece quase desmaiar, mostra o vídeo. A agressão durou cerca de 30 minutos e só se interrompeu porque uma equipe da polícia usou bombas de efeito moral para retirá-lo dali.

Berni foi levado ao Hospital Churruca, da Polícia Federal Argentina. Mais tarde, ele afirmou a jornalistas na porta da unidade que sofreu uma fratura no osso malar (da bochecha) e que os médicos vão avaliar a necessidade de operação, mas minimizou os ferimentos.

Além dele, oito policiais e outros manifestantes saíram machucados. A poucos metros de onde o secretário foi agredido, um policial foi filmado pelo canal de notícias A24 acertando seu escudo na cabeça de um motorista de ônibus que conversava com outro agente de segurança, o que gerou um movimento de repúdio nas redes sociais.

O governo da capital federal, que fica em território administrativamente separado da província de Buenos Aires, divulgou nota dizendo que Berni não avisou que compareceria ao protesto à polícia da cidade, que fazia a segurança da manifestação.

A confusão ocorreu nos limites da cidade de Buenos Aires, na avenida General Paz, na altura da Ruta Nacional 3. A cerca de 30 quilômetros dali, no município vizinho La Matanza, o motorista de ônibus Daniel Barrientos, 65, foi morto horas antes.

O condutor estava prestes a se aposentar e foi baleado depois de ao menos dois homens armados entrarem no ônibus. Eles trocaram tiros com um policial que também estava no veículo, na região de Virrey del Pino, onde a polícia fez a reconstituição do crime nesta segunda-feira.

A hipótese divulgada até agora é de que fora uma tentativa de assalto, mas Berni colocou dúvidas sobre essa versão ao sair do hospital. O secretário disse que o motorista teria sido morto "a sangue frio", antes do tiroteio. "Foi muito estranho", afirmou.

O assassinato desencadeou uma greve de motoristas de ônibus desde as 7h30 em toda a zona oeste da região metropolitana de Buenos Aires —onde vivem 14 milhões de pessoas, um terço da população do país—, comunicou o sindicato Unión Tranviarios Automotor. À tarde, outros grupos se juntaram à paralisação.

O secretário de Segurança agredido pretendia conversar com os grevistas, segundo o secretário de Transporte que o acompanhava. Ambos são subordinados a Axel Kicillof, governador da província de Buenos Aires.

"Talvez tenhamos avaliado mal os interlocutores, mas o secretário ia anunciar que um suspeito foi preso, que os demais foram identificados e ajustar todos os sistemas de segurança que precisam ser ajustados", disse Jorge D’Onofrio à rádio Con Vos.

A presença das autoridades, porém, causou o efeito contrário. Os motoristas se diziam revoltados e cansados com a falta de segurança para trabalhar e com as promessas de melhorias que não teriam sido cumpridas por Berni.

Em abril de 2018, outro motorista da mesma linha foi assassinado de forma parecida, o que também motivou uma grande greve nos transportes da capital por mais segurança. Uma das demandas é a instalação de câmeras nos veículos, ação que já foi determinada, mas, na prática, ainda tem falhas.

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