Descrição de chapéu China

Agências de inteligência acusam China de patrocinar hackers para espionar EUA

Pequim diz que alegações não passam de 'campanha de desinformação coletiva' lançada por Washington e aliados

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Reuters

Agências de inteligência ocidentais acusaram nesta quarta (24) a China de estar por trás de um grupo de hackers que teria espionado infraestruturas cruciais dos EUA. O grupo em questão se denomina Volt Typhoon (tufão de volts, em português), e seu principal alvo são as redes de infraestrutura.

Um relatório da Microsoft afirma, por exemplo, que o grupo realizou uma bem-sucedida operação de espionagem à base militar americana de Guam, no Pacífico. Também teria atacado outras áreas, como comunicações, serviços públicos, agências governamentais, transportes, manufatura e outros.

Navios da Marinha dos EUA ancorados no porto da Base Naval americana em Guam, no oceano Pacífico - Base Naval de Guam - 5.mar.16/Reuters

Não está claro quantas organizações foram afetadas pelo Volt Typhoon, mas, segundo especialistas, a ação já configura uma das maiores campanhas de espionagem contra americanos de que se tem notícia.

Além de se preocupar com casos do tipo —o documento da Microsoft ressalta que mitigar os efeitos do ataque a Guam "pode ser desafiador"—, analistas têm receio de que o grupo esteja desenvolvendo meios para interferir em vias centrais para a comunicação entre os EUA e a Ásia como um todo.

Falhas nessas rotas podem ter consequências desastrosas num eventual choque entre Washington e Pequim, que, segundo um general americano, tem chances de acontecer em 2025, motivado por uma tentativa da China de tomar Taiwan à força. A ilha, que tem nos EUA seu principal aliado e fornecedor de armas, é considerada pelo regime chinês uma província rebelde e parte inalienável de seu território.

Os chineses descreveram as alegações como uma "campanha de desinformação coletiva" lançada pelos países do "Five Eyes", ou cinco olhos —referência à rede formada por EUA, Canadá, Reino Unido, Nova Zelândia e Austrália para compartilhar informações de inteligência e realizar operações conjuntas.

Em encontro regular com a imprensa nesta quinta, Mao Ning, porta-voz da chancelaria do país asiático, disse que o autor da iniciativa seria os EUA e que o relatório da Microsoft mostra que a Casa Branca agora estende seus canais de desinformação para além de agências governamentais. "Não importa a variedade dos métodos usados, nenhum deles consegue mudar o fato de que os EUA são o império dos hackers."

A Agência de Segurança Nacional americana (NSA, na sigla em inglês) e outras entidades de cibersegurança ocidentais urgiram empresas que operam infraestruturas importantes que identifiquem a presença de atividades suspeitas em seus sistemas a partir de um guia técnico lançado pela entidade.

Segundo o relatório da Microsoft, o Volt Typhoon não recorre a técnicas de invasão de sistemas tradicionais, que geralmente exigem o download de arquivos infectados. Em vez disso, o grupo supostamente invade sistemas sem intermediários, localizando e extraindo dados sem deixar rastros.

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