Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

EUA dizem que Ucrânia provavelmente foi autora de ataque com drones contra o Kremlin

Agências de inteligência americanas chegaram à conclusão após análise de comunicações interceptadas

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São Paulo

Autoridades dos Estados Unidos afirmaram nesta quarta-feira (24) que o ataque com drones contra o Kremlin, em Moscou, ocorrido no início do mês, foi provavelmente orquestrado por forças ucranianas.

Agências de inteligência americanas chegaram à conclusão após a análise de comunicações interceptadas, nas quais autoridades da Ucrânia disseram acreditar que Kiev era responsável pela ofensiva, de acordo com o jornal The New York Times.

Cena de vídeo mostra explosão próxima ao domo do prédio do Senado, no Kremlin, em Moscou, no que a Rússia afirma ter sido uma tentativa de ataque com drone da Ucrânia
Cena de vídeo mostra explosão próxima ao domo do prédio do Senado, no Kremlin, em Moscou, no que a Rússia afirma ter sido uma tentativa de ataque com drone da Ucrânia - Ostorojno Novosti via Reuters

O ataque ocorreu na madrugada de 3 de maio, quando dois drones foram lançados em direção à residência do presidente da Rússia, Vladimir Putin, no Kremlin. Os artefatos, segundo Moscou, foram interceptados pelos sistemas de defesa antiaérea locais, e nenhum dos prédios sofreu danos, embora fragmentos dos equipamentos, ainda na versão russa, atingiram a área. Ninguém ficou ferido.

A inteligência dos EUA não soube dizer qual unidade foi responsável pela ação nem se o presidente Volodimir Zelenski ou integrantes do alto escalão de seu governo estavam cientes da ofensiva. Nesta quinta-feira (25), o assessor do líder ucraniano, Mikhailo Podoliak, afirmou que seu país não teve qualquer envolvimento no episódio, que ele descreveu como "estranho e sem sentido".

Os EUA são o maior fornecedor de armas à Ucrânia, e o ataque contra o Kremlin deixou Washington em posição desconfortável. Na ocasião, o porta-voz do governo russo, Dmitri Peskov, afirmou sem apresentar provas que a Casa Branca "sem dúvidas" estava por trás do que chamou de atentado contra Putin.

Já o governo Joe Biden tem manifestado preocupação com o risco de a Rússia culpar os EUA por ataques em território russo e, assim, escalar o conflito no Leste Europeu, que nesta quarta completou 15 meses.

O ataque também gerou suspeitas de uma operação de "bandeira falsa", quando um país simula um ataque contra si mesmo para iniciar uma guerra, retaliar rivais ou escalar uma situação. As interceptações feitas pela inteligência americana, contudo, revelaram que os russos ficaram surpresos com a ação.

O ex-presidente russo Dmitri Medvedev chamou a ofensiva de "ataque terrorista" e afirmou que não havia mais opções exceto a "eliminação física de Zelenski". Do lado ucraniano, autoridades do governo dizem que ações como essa, ocorridas em solo russo, são armações para convencer o Ocidente de reduzir o fluxo de fornecimento de armas para o país invadido.

Além do ataque contra o Kremlin, os EUA dizem acreditar que os ucranianos foram responsáveis pelo assassinato de Daria Dugina, filha do nacionalista russo Aleksandr Dugin, pela morte do blogueiro pró-Rússia Vladen Tatarski e por ataques em cidades russas perto da fronteira com a Ucrânia.

A inteligência americana sugeriu ainda que o ataque ao gasoduto Nord Stream –que transportava gás natural da Rússia para a Europa– foi obra de agentes pró-Ucrânia, cujos laços com o governo são uma incógnita. A inteligência dos EUA não compartilhou detalhes das investigações com o New York Times.

Ataques em território russo foram intensificados nos últimos dias e geraram uma nova guerra de versões. Autoridades de Moscou afirmam que ucranianos cruzaram a fronteira e se infiltraram em Graivoron, enquanto Kiev diz que os atos foram realizados por grupos armados locais que se opõem ao Kremlin.

A Legião da Liberdade da Rússia e o Corpo de Voluntários Russos, duas organizações formadas por cidadãos russos que combatem pela Ucrânia, comemoraram nesta quarta o que chamaram de operações bem-sucedidas no país invasor. Denis Kapustin, um dos fundadores do Corpo de Voluntários Russos, disse que a incursão evidenciou a falta de preparo das tropas de Moscou e que só o fato de soldados terem entrado na Rússia e retornado à Ucrânia já "pode ser considerado um sucesso".

O Ministério da Defesa da Rússia afirmou na terça (23) que os invasores foram expulsos do território russo. Segundo a pasta, mais de 70 agressores foram mortos, e quatro veículos blindados, destruídos.

Com The New York Times

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