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EUA condenam membros do grupo extremista Proud Boys por conspiração no 6/1

Líderes da organização atuaram no ataque ao Capitólio, que deixou cinco mortos e centenas de feridos

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Washington | Reuters

Quatro membros do Proud Boys, incluindo seu ex-líder, Enrique Tarrio, foram condenados nesta quinta (4) por conspiração. Um júri nos EUA considerou o grupo de extrema direita responsável por planejar a invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021, na tentativa fracassada de impedir o Congresso de certificar a vitória eleitoral de Joe Biden. O ataque terminou com cinco mortos e centenas de feridos.

A decisão é uma vitória do Departamento de Justiça dos EUA. O órgão acusa mais de mil pessoas pelo ataque provocado por apoiadores do então presidente Donald Trump, derrotado no pleito de 2020. Mais de 500 pessoas já se declararam culpadas de acusações relacionadas ao episódio, e cerca de 80 foram condenadas, incluindo Stewart Rhodes, fundador do Oath Keepers, outra organização extremista.

O ex-líder do Proud Boys, Enrique Tarrio, ao deixar prisão em Washington
O ex-líder do Proud Boys, Enrique Tarrio, ao deixar prisão em Washington - Evelyn Hockstein - 14.jan.22/Reuters

O FBI descreve o Proud Boys como um "grupo extremista com laços com o nacionalismo branco". Para a organização, que só aceita homens entre seus membros, o modo de vida ocidental está em perigo e precisa ser defendido da ameaça representada por estrangeiros, especialmente os muçulmanos.

O grupo foi criado em 2016 por Gavin McInnes, cofundador do conglomerado Vice Media, e chamou a atenção por confrontar, com violência, manifestantes antirracismo. Em setembro de 2020, Trump os citou durante um debate eleitoral. "Proud Boys, stand back and stand by", disse ele, ao ser questionado se condenaria a ação de organizações racistas. A menção foi celebrada pelos membros —de leitura dúbia, a frase pode ser entendida como "afastem-se e esperem" ou "esperem e fiquem prontos para agir".

Ethan Nordean, Joseph Biggs e Zachary Rehl foram os outros condenados nesta quinta. A acusação se baseou numa lei da era da Guerra Civil e pode levar a 20 anos de prisão. Eles também foram considerados culpados por outros crimes, como obstrução da Justiça, e absolvidos das acusações de agredir a polícia.

O júri não chegou a um veredicto sobre Dominic Pezzola, único réu no caso que não desempenhou um papel de liderança na organização. O juiz instruiu os jurados a retomarem as deliberações pendentes.

Ao durar quatro meses, o julgamento dos membros do Proud Boys foi o mais longo das ações ligadas ao ataque ao Capitólio. O júri no tribunal federal em Washington, que contava com 12 membros, assistiu a cerca de 50 dias de depoimentos desde janeiro. Durante os argumentos finais, o promotor Conor Mulroe disse aos jurados que o grupo se via como uma força de combate "alinhada a Donald Trump" disposta a "cometer violência em seu nome", se necessário fosse, para reverter o resultado das eleições de 2020.

Ainda segundo os promotores, os réus compraram equipamentos paramilitares para o ataque.

Dos cinco acusados, todos, exceto Tarrio, entraram no Capitólio na invasão —eles estavam, aliás, entre os primeiros a passar pelas barricadas erguidas para proteger o prédio. Já Tarrio teria guiado o ataque de longe, pois não estava em Washington naquele dia —um juiz ordenou que ele ficasse fora da cidade após ser preso em 4 de janeiro por queimar uma faixa do movimento Black Lives Matter numa igreja.

Para a mobilização, Tarrio, Rehl, Nordean e Biggs criaram o que chamaram de Ministério da Autodefesa, grupo em que cerca de 65 membros do Proud Boys trocavam mensagens criptografadas. Pezzola também foi condenado por tomar um escudo policial e usá-lo para quebrar uma janela, permitindo que outros invasores entrassem na sede do Legislativo. Os advogados de defesa, porém, disseram ao júri que seus clientes não tinham planos de atacar o Capitólio e que viajaram a Washington apenas para protestar. A defesa também tentou culpar Trump, dizendo que foi ele quem instou os manifestantes a invadir.

"Eles querem usar Enrique Tarrio como bode expiatório para Donald Trump e aqueles que estão no poder", disse o advogado do ex-líder do grupo extremista, Nayib Hassan, durante sua argumentação final.

O tumulto ocorreu no dia em que o Congresso votava a certificação formal da vitória de Biden nas eleições de 2020. Pouco antes do motim, Trump fez um discurso incendiário a apoiadores e os incentivou a ir ao Capitólio, repetindo as falsas alegações de que a eleição havia sido roubada. Cinco pessoas, incluindo um policial, morreram durante ou logo depois do motim, e mais de 140 policiais ficaram feridos.

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