Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia

Zelenski chega ao G7 e ofusca comunicado de cúpula sobre ameaça da China

Líder da Ucrânia agradece por doação de caças dos EUA no momento em que grupo atacava 'coerção econômica' chinesa

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Hiroshima (Japão)

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, desembarcou em Hiroshima, no Japão, para participar da cúpula do G7 no início da noite deste sábado (20), horário local. A chegada do líder, transmitida ao vivo pela televisão, concentrou as atenções do encontro —e deixou em segundo plano o comunicado final do grupo que reúne algumas das maiores economias do mundo, divulgado quase ao mesmo tempo.

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, desembarca no Aeroporto de Hiroshima, em Mihara, para participar do segundo dia da cúpula do G7 - Assessoria de Imprensa da Presidência da Ucrânia/via AFP

Ao chegar, Zelenski publicou uma mensagem no Twitter mencionando "reuniões importantes com parceiros e amigos da Ucrânia". Em seguida, saudou "a decisão histórica dos Estados Unidos e do presidente [Joe Biden] de apoiar uma coalizão internacional de caças" —na véspera, o líder americano havia manifestado apoio ao plano de criar um esforço internacional para treinar pilotos ucranianos em aeronaves de combate, visto como uma indicação de que Washington pode ceder e fornecer os F-16s reivindicados por Kiev.

Ao entrar em uma reunião, já no âmbito da cúpula, Zelenski acrescentou, sobre os caças: "Estou muito feliz. Muito obrigado. Agradeço ao nossos parceiros. Vai realmente ajudar nossa sociedade, nosso povo, para salvar casas, famílias".

Posteriormente, Zelenski descreveu o encontro bilateral que teve com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi à noite, dizendo ter apresentado "em detalhe a fórmula ucraniana de paz e pedido à Índia para se juntar à sua implementação". Agradeceu o indiano por apoiar a integridade territorial do país.

Diferentemente de Modi, o presidente brasileiro ainda não havia, até o início da noite em Hiroshima, aceito o pedido de reunião bilateral feito por Zelenski. A Folha questionou Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pela manhã, se iria se encontrar com o ucraniano. "Não sei", respondeu ele.

A reunião de Zelenski com Modi foi na sala ao lado daquela em que, ao mesmo tempo, o petista se encontrava com o presidente da França, Emmanuel Macron, em uma longa conversa que abordou, entre outros temas, a guerra em curso no país de Zelenski.

Segundo a Bloomberg, um funcionário da delegação descreveu a viagem do presidente ucraniano a Hiroshima como uma armadilha potencial para os convidados. Procurado, um diplomata da comitiva negou, afirmando que a equipe japonesa avisou da possibilidade de Zelenski participar presencialmente antes de Lula aceitar o convite.

O mesmo diplomata disse que Lula continuava sem saber se aceita o pedido de reunião feito por Zelenski e que ela ainda pode acontecer neste domingo, último dia da cúpula.

Enquanto isso, repercutia em grau bem menor o comunicado final do G7, em que os países-membros do grupo questionaram a "coerção econômica" da China e a militarização do Mar do Sul da China, afirmando não haver "fundamento jurídico" para as "reivindicações marítimas expansivas" do gigante asiático.

Os signatários se dispuseram, por outro lado, a buscar "relações construtivas e estáveis" com Pequim, "reconhecendo a importância de nos engajar com franqueza e expressar nossas preocupações diretamente". Acrescentaram não buscar "impedir o progresso e o desenvolvimento econômico da China".

Parte da cobertura ocidental optou por adiar o noticiário sobre a declaração do grupo, mas jornais como Financial Times e The Washington Post o levaram à manchete —com o segundo destacando que Zelenski "imediatamente ofuscou os esforços dos líderes para focar a atenção do público em questões além da Ucrânia".

Na maratona de encontros bilaterais do presidente brasileiro em Hiroshima, tanto com Macron quanto com o primeiro-ministro alemão, Olaf Scholz, Lula acertou retomar as parcerias que havia antes do governo de Jair Bolsonaro.

Na conversa com o presidente francês, discutiu-se cooperação na área de defesa e em relação à fronteira comum na Amazônia, entre Amapá e Guiana Francesa. Com Scholz, o brasileiro teria acertado reativar os encontros em nível governamental, entre ministros, a partir do segundo semestre.

Já na reunião com a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, Lula voltou a defender que o fundo dê atenção diferenciada à crise argentina. Segundo o breve relato posterior do governo brasileiro, o principal tema da pauta foi o impacto financeiro da pandemia sobre os países.

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