Ataque do Hamas mata 4 israelenses após mortes de palestinos na véspera

Netanyahu diz que 'todas as opções estão abertas' para responder retaliação de grupo palestino a agressão de Israel

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São Paulo

Um ataque a tiros matou quatro israelenses e deixou outras quatro pessoas feridas nesta terça-feira (20) na Cisjordânia. O episódio foi uma uma resposta à agressão das forças de Israel na última segunda (19), segundo o grupo Hamas. A operação na véspera, em Jenin, matou seis palestinos e feriu 91.

O episódio tensiona ainda mais a região, palco de aumento da violência nos últimos meses. Desde o início do ano, pelo menos 166 palestinos, 21 israelenses, um ucraniano e um italiano morreram no conflito regional, de acordo com uma contagem da agência AFP com base em fontes oficiais de ambos os lados.

Especialistas forenses de Israel inspecionam cena de ataque na Cisjordânia ocupada - Ahmad Gharabli/AFP

O conflito se acentuou após a morte, no mês passado, de Khader Adnan, líder do Jihad Islâmico, por greve de fome. Ele estava preso sob a custódia de Israel e era acusado de incentivar verbalmente a violência. Autoridades israelenses afirmam que o militante havia recusado consultas médicas e tratamento, mas organizações de direitos humanos dizem que a morte poderia ter sido evitada.

No ataque desta terça-feira, homens armados abriram fogo no restaurante de um posto de gasolina na beira de uma estrada perto do assentamento de Eli, disseram os serviços de emergência. Uma das vítimas era um estudante de ensino médio, segundo a chancelaria israelense.

Os dois atiradores eram membros do braço armado do Hamas, disse o grupo islâmico. Um foi morto a tiros por um civil no local e o segundo, pelas forças de segurança israelenses que o localizaram depois da fuga.

"Quando cheguei ao posto de gasolina, vi o terrorista indo para um carro em que um homem estava sentado. Ele atirou nele", disse de uma cama no hospital Morel Nicker, 28, que faz parte da equipe de segurança de Eli. Após ver a cena, Nicker disse que trocou tiros com o agressor. "Não parei de atirar até ele deixar de se mover."

O premiê Binyamin Netanyahu, que lidera o governo mais à direita da história de Israel, afirmou que "todas as opções estão abertas" para responder ao ataque —o ministro da Segurança Nacional, o extremista Itamar Ben-Gvir, advoga por uma operação militar generalizada e encorajou os colonos judeus a portarem uma arma.

"Já provamos que vamos acertar as contas com todos os assassinos, sem exceções", disse Netanyahu em um comunicado horas após a agressão. "Qualquer um que nos prejudicar vai para a prisão ou para o túmulo. Esse também será o caso agora." Tropas israelenses lançaram uma operação para procurar outros suspeitos.

Quase 3 milhões de palestinos vivem na Cisjordânia, território ocupado por Israel desde 1967. Convivem com eles cerca de 490 mil israelenses, estabelecidos em colônias consideradas ilegais pelo direito internacional, segundo a ONU.

O Hamas, que controla a Faixa de Gaza e tem uma rede de combatentes em toda a Cisjordânia, descreveu o ataque como resposta "heróica" à operação israelense da véspera e disse que a agressão pode anteceder mais ações que vão "transformar a vida de soldados e colonos em um pesadelo".

A princípio, as autoridades palestinas relataram cinco mortes em decorrência da operação de Israel em Jenin, mas o número de mortos foi atualizado para seis nesta terça. Amjad Aref Fayyad Abou Jaas, 48, a sexta vítima, morreu por ferimentos no abdômen no bombardeio. Ele foi coberto por uma bandeira palestina durante seu funeral em uma mesquita, que contou com a presença de dezenas de pessoas.

Israel também matou um membro palestino do Jihad Islâmico na noite de segunda, no sul da Cisjordânia ocupada. Zakaria Mohamed al Zaoul, 20, foi atingido perto de Belém, disse em nota o Ministério da Saúde palestino. O exército israelense afirmou que suas tropas estavam realizando atividades de rotina quando um suspeito jogou coquetéis molotov contra elas. "Os soldados responderam com fogo real."

Já a agência de notícias palestina Wafa informou que os militares usaram munições, gás lacrimogêneo e granadas de luz durante confrontos com jovens palestinos.

O embaixador dos EUA em Israel, Tom Nides, expressou solidariedade às famílias das vítimas israelenses e das palestinas em uma publicação no Twitter. Pouco depois, o diplomata foi criticado por supostamente equiparar a morte de civis israelenses a de supostos terroristas.

Em nova mensagem, então, ele disse que condenava "nos termos mais fortes" o assassinato sem sentido dos quatro israelenses. "Meu coração está com seus familiares enlutados", escreveu o americano.

Com Reuters e AFP

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