Descrição de chapéu América Latina

Confronto entre gangues rivais mata 46 mulheres em presídio de Honduras

Presidente do país centro-americano se reúne com núcleo de segurança e diz que tomará medidas drásticas após motim

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Um confronto entre gangues em um presídio feminino de Honduras terminou em incêndio e deixou pelo menos 46 mulheres mortas nesta terça (20). O centro penitenciário, que abrigava cerca de 900 detentas, fica em Támara, 25 km ao norte da capital, Tegucigalpa, e recebeu centenas de familiares das presas.

Delma Ordóñez, presidente de uma associação de familiares de presos, afirmou à imprensa local que integrantes de uma das facções invadiram e incendiaram o setor do grupo rival. "O módulo está destruído, foi completamente queimado", disse Ordóñez.

Familiares de presas lamentam mortes em presídio de Honduras - Fredy Rodriguez/Reuters

A maioria das vítimas morreu queimada, e outras foram baleadas, segundo afirmou o porta-voz do Ministério Público, Yuri Mora, à agência de notícias AFP. Segundo ele, ainda não se sabe como o conflito começou, e o caso está sendo investigado.

"Chocada com o monstruoso assassinato de mulheres no Cefas (Centro Feminino de Adaptação Social), planejado por gangues aos olhos e com a complacência das autoridades de Segurança", afirmou a presidente hondurenha, Xiomara Castro. Ela anunciou uma reunião com o ministro de Segurança, Ramón Sabillón, e a presidente da comissão interventora dos presídios, Julissa Villanueva, para prestação de contas sobre o episódio. "Tomarei medidas drásticas", afirmou.

Antes disso, Villanueva já havia declarado situação de emergência no centro penitenciário. "Ação e reação linha-dura agora", afirmou. "Não vamos tolerar atos de vandalismo nem irregularidades nessa prisão. Está autorizada a intervenção imediata com acompanhamento de bombeiros, policiais e militares."

Antes do episódio desta terça-feira, o país já assistia a enfrentamentos nas prisões —razão pela qual Villanueva, que também é vice-ministra da pasta de Segurança, foi nomeada para a comissão interventora em maio.

À época, ela anunciou um plano para retomar o controle das 26 prisões do país, nas quais a superlotação e a falta de infraestrutura são comuns. Conflitos nos centros, que abrigam aproximadamente 20 mil detentos no total, haviam deixado um morto e sete feridos em abril.

O plano inclui um "desarmamento real por meio de revistas manuais e eletrônicas permanentes em 100% das instalações" e "o bloqueio total de sinal de celular", para que os presos não possam comandar ações criminosas de dentro da cadeia.

Segundo as autoridades, lideranças do crime organizado que estão presas ordenam extorsões, sequestros e assassinatos nesse país onde funciona um narcoestado, segundo especialistas, devido à influência do narcotráfico na polícia e na política.

Centenas de familiares das presas se reuniram em frente ao centro penitenciário para conseguir informações - Orlando Sierra/AFP

Em abril do ano passado, o ex-presidente Juan Orlando Hernández foi extraditado aos Estados Unidos por uma acusação de tráfico de drogas, um ano depois de seu irmão Tony ser condenado à prisão perpétua pelo mesmo crime em Nova York.

Desde o final do ano passado, parte do país está sob estado de exceção sob justificativa da crescente violência. A taxa de homicídios disparou em 2022 e chegou a 40 a cada 100 mil habitantes, quatro vezes mais que a média mundial.

Ao lado da Guatemala e de El Salvador, Honduras compõe o Triângulo Norte, uma das regiões mais violentas do mundo. Essa parte da América Central se converteu, aos olhos do narcotráfico internacional, em um corredor de drogas para os EUA. Políticas de linha-dura têm ganhado força na região, que sofre com retrocessos democráticos.

Com AFP

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.