Piores inundações em 30 anos no Chile deixam pelo menos 2 mortos

Quase 10 mil pessoas estão ilhadas no centro e no sul do país após chuvas destruírem 54 casas e danificarem outras 3 mil

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São Paulo

As maiores inundações em quase 30 anos no Chile mataram pelo menos duas pessoas e deixaram mais de 10 mil ilhados, de acordo com a última atualização das autoridades locais, na noite deste domingo (25). Equipes de resgate buscam três desaparecidos no centro e no sul do país.

O volume das chuvas, que começaram na última quinta-feira (22), destruiu 54 casas e danificou quase 3.000, levando 2.000 pessoas a abrigos. A precipitação se concentrou na Cordilheira dos Andes, onde costuma ter neve, causando uma rápida erosão e o aumento no fluxo dos rios.

Fluxo do rio Mapocho, em Santiago, aumenta após chuvas no Chile - Martin Bernetti - 23.jun.23/AFP

Algumas das regiões afetadas já haviam sido prejudicadas por grandes incêndios florestais que destruíram 439 mil hectares e deixaram 26 pessoas mortas durante o verão. Agora, a tragédia começou com o aumento do nível dos principais rios da região da capital, Santiago: o Mapocho e o Maipo.

Até recentemente, o primeiro era apenas um filete de água que corria a 30 km da cidade, devido à grande seca que atingiu o centro do Chile há dez anos. O rio chegou a registrar um déficit hídrico de 89% em relação à sua média histórica, segundo estimativas oficiais. Mas depois de uma precipitação de 150 mm em poucas horas, o leito do rio cresceu, e a água transbordou em vários setores.

"No sopé da cordilheira choveu em um dia e meio tudo o que choveu no ano passado em Santiago", disse o governador da região metropolitana da cidade, Claudio Orrego, em um relatório.

Já o fluxo do rio Maipo, principal da região sul da capital, aumentou dez vezes nas últimas horas. "Estávamos incrédulos, não pensávamos que ia ser tanto", disse Loreto Ochoa, 38, que foi retirada de sua casa durante a noite. A empreendedora lembra que, na década de 1980, era normal ver a vazão do Maipo aumentar durante o inverno, mas que havia muitos anos ela não observava uma chuva tão intensa.

O fluxo dos rios avançou em direção ao sul e causou inundações em diferentes pontos. A precipitação deixou debaixo d'água 80% da comuna de Coltauco, enquanto em Licantén, às margens do rio Mataquito, quase todas as construções estão inundadas, incluindo o hospital.

A situação mais preocupante indicada no último informe era ao longo do Maule, cuja vazão havia dobrado nas últimas horas, levando as autoridades a deslocar cerca de 1.800 moradores de Constitución, a 400 km de Santiago. As chuvas continuavam em direção ao sul na noite de domingo, mas a expectativa é a de que elas sejam menos intensas, de acordo com o comitê de emergência.

O funcionamento de algumas das principais estradas do país foi interrompido, como a que comunica o país de norte a sul e a que vai de Santiago até o porto da cidade de Valparaíso. Também houve danos em pontes ferroviárias.

O aumento da frequência e da intensidade dos eventos extremos está ligado à crise climática, provocada pelo aquecimento global, segundo cientistas e órgãos especializados no tema.

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