Suíços aprovam redução da importação de petróleo em referendo

Guerra da Ucrânia, que abalou mercado de commodities, parece ter convencido cidadãos a reduzir dependência energética

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Os suíços foram às urnas neste domingo (18) e aprovaram medidas para combater a crise climática —assunto sensível para um país que viu um derretimento dramático de suas geleiras. Os Alpes, ponto turístico da Suíça, perderam um terço de seu volume entre 2001 e 2022.

A Lei Federal de Metas de Proteção do Clima, como foi batizado o projeto, foi aprovada por 59% dos eleitores. O texto propõe apoio de 2 bilhões de francos suíços (R$ 10,6 bilhões) ao longo de dez anos para substituir parte da calefação a gás ou petróleo, além de ajudar empresas a avançar em inovações verdes.

Cartaz em que se lê 'invista em nosso futuro' incentiva eleitores a votar por lei do clima na Suíça - Fabrice Coffrini/AFP

A lei obrigará o país alpino a reduzir drasticamente sua dependência das importações de petróleo e gás e apostar no desenvolvimento de alternativas ecológicas.

A princípio, ativistas climáticos pressionaram pela proibição total do consumo de petróleo e gás até 2050. O governo, porém, produziu uma contraproposta que amenizou o projeto original.

A aprovação se dá a despeito da oposição do direitista Partido do Povo Suíço (UDC), que aponta para eventuais prejuízos para a economia. O partido argumenta que alcançar a neutralidade do carbono até 2050 levaria, na prática, à proibição dos combustíveis fósseis. Do ponto de vista da legenda, esse cenário coloca em risco o acesso à energia e pode encarecer a eletricidade. O líder do UDC, Marco Chiesa, chegou a chamar o projeto de utópico e alertou que a iniciativa "não teria impacto" no clima.

No passado, o partido teve sucesso ao promover esse tipo de mensagem. Em 2021, por exemplo, conseguiu impedir a aprovação de uma primeira versão dessa mesma proposta. Atualmente, porém, essa posição não ganha tanta tração no país —com exceção da UDC, todas as grandes siglas apoiaram o projeto, e pesquisas recentes mostraram forte apoio à neutralidade de carbono.

No período entre as duas propostas, começou a Guerra da Ucrânia, que parece ter convencido os cidadãos a reduzir a dependência de fontes estrangeiras de energia. Os defensores do texto argumentam que a lei é necessária para garantir segurança energética, já que a Suíça importa três quartos de sua energia.

Em uma segunda votação também neste domingo, 80% apoiaram um imposto mínimo de 15% para multinacionais, ante o mínimo atual de 11%. Em 2021, a Suíça juntou-se a quase 140 países que assinaram um acordo da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o "clube dos países ricos", para estabelecer uma alíquota mínima de imposto para grandes empresas.

A medida visa a limitar a transferência de lucros para países com impostos baixos, como a Suíça. Grande parte dos 26 cantões da nação tem algumas das taxas de imposto corporativo mais baixas do mundo —um trunfo para atrair empresas ao país de altos salários. A Suíça abriga escritórios e sedes de cerca de 2.000 empresas estrangeiras, como o Google, além de 200 multinacionais suíças, como a Nestlé.

Mesmo com o aumento, o país ainda terá uma das taxas mais baixas do mundo. O governo suíço estima que o tributo gere de 1 bilhão a 2,5 bilhões de francos suíços no primeiro ano (R$ 5,3 bi a R$ 13,4 bi).

Com AFP e Reuters

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.