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UE não deve relaxar padrões para acelerar adesão da Ucrânia, diz Dinamarca

Reformas devem ser feitas para evitar que bloco importe instabilidade, diz chanceler do país escandinavo

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Lisboa

A União Europeia corre o risco de "importar instabilidade" se acelerar o ingresso da Ucrânia e de outros países no bloco, disse o ministro das Relações Exteriores da Dinamarca, Lars Lokke Rasmussen, em entrevista publicada nesta quinta-feira (29) pelo jornal britânico Financial Times.

O bloco europeu deu sinal verde para a candidatura de Kiev em junho do ano passado, num gesto acima de tudo simbólico no início da guerra com a Rússia. Mas o caminho da adesão pode levar anos, já que o processo exige transformações profundas na nação aspirante.

As mudanças podem ir de reformas na esfera ambiental até medidas anticorrupção —no último âmbito, por exemplo, a Ucrânia amarga índices ruins, de acordo com rankings internacionais.

O ministro das Relações Exteriores da Dinamarca, Lars Lokke Rasmussen, participa da Conferência de Recuperação da Ucrânia, em Londres
O ministro das Relações Exteriores da Dinamarca, Lars Lokke Rasmussen, participa da Conferência de Recuperação da Ucrânia, em Londres - Hannah McKay - 21.jun.23/Reuters

O ex-premiê de centro-direita disse que apoia a entrada de Ucrânia, Moldova e Geórgia, mas fez um alerta para o bloco não relaxar os padrões democráticos e institucionais exigidos para aceitar candidatos. Segundo ele, "circunstâncias geopolíticas" não são justificativas para patinar em reformas de governança.

"Se você não concluir o processo de reforma antes de entrar, pode haver o risco de desacelerar depois. E, nesse caso, não exportamos estabilidade, corremos o risco de importar instabilidade. Por isso é tão importante enfatizar a necessidade de cumprir os critérios de adesão à UE", disse Rasmussen ao jornal.

Questionado sobre o caso específico da Ucrânia, Rasmussen afirmou que a UE deveria ajudar a nação liderada pelo presidente Volodimir Zelenski com investimentos e assistência. "Queremos investir, ajudar e ser o mais positivos possível, mas não podemos baixar o padrão." Embora o país tenha cumprido duas das sete condições para iniciar o processo de entrada, um funcionário do bloco que acompanha o andamento da adesão disse que algumas reformas judiciais importantes ainda eram necessárias.

Ao lado da França e da Holanda, a Dinamarca bloqueou a entrada da Albânia e da Macedônia do Norte em 2019, impedindo os planos de expansão do bloco —posição já revista pelo país escandinavo, segundo Rasmussen. Após o episódio, a Comissão Europeia propôs mudanças internas para permitir a entrada de mais países no bloco e dar mais voz aos membros existentes.

"Precisamos em algum momento olhar para as regras do jogo, e estamos prontos para fazer isso. Essa é a nova posição dinamarquesa, mas ainda não temos as respostas", afirmou.

Albânia, Bósnia-Herzegovina, Moldova, Montenegro, Macedônia do Norte, Sérvia, Turquia e Ucrânia são os candidatos, segundo o site. Além deles, Geórgia e Kosovo são considerados para uma candidatura.

Na entrevista, Rasmussen falou ainda sobre o apoio do Ocidente ao país do Leste Europeu. O chanceler espera que "parceiros no Sul Global" que se não condenaram a agressão russa "se motivem pelo que estão testemunhando" e mudem de posição. A categoria inclui Brasil, Índia e África do Sul, que se posicionam de forma dúbia em relação ao conflito devido, entre outros motivos, aos elos econômicos com a Rússia.

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