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União Africana faz apelo após onda de violência em Senegal por condenação de opositor

Manifestações deixaram nove mortos após Justiça sentenciar líder da oposição Ousmane Sonk a dois anos de prisão

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Dacar (Senegal)

A União Africana fez um apelo nesta sexta (2) à população de Senegal por respeito à ordem, após os protestos políticos mais violentos no país em anos deixarem ao menos nove mortos em confrontos entre as forças de segurança e apoiadores do líder da oposição, Ousmane Sonko, 48, na quinta-feira (1º).

Para tentar conter a violência, as autoridades enviaram as Forças Armadas para Dacar. Assim, homens com fuzis se espalharam por vários pontos da capital. Houve presença particularmente forte em torno de bancos, supermercados e postos de gasolina de propriedade francesa, alvos dos apoiadores de Sonko.

Mesmo assim, os confrontos voltaram a se repetir durante a tarde desta sexta, quando a polícia disparou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes que queimavam pneus em uma estrada.

Manifestante joga pedra contra policiais em Dacar durante manifestação contra condenação do opositor Ousmane Sonko
Manifestante joga pedra contra policiais em Dacar durante manifestação contra condenação do opositor Ousmane Sonko - John Wessels - 2.jun.23/AFP

O Ministério da Justiça diz que o líder da oposição, cuja condenação a dois anos de prisão coloca em dúvida suas chances de concorrer à Presidência em 2024, pode ser preso a qualquer momento. Acusado de agressão sexual, Sonko não compareceu à audiência e nega as denúncias.

O partido do qual faz parte alega que a decisão da Justiça está inserida numa conspiração política e, por isso, pediu aos cidadãos do país que "interrompam todas as suas atividades e saiam às ruas".

Na quinta, a universidade Cheikh Anta Diop foi o epicentro da violência, com manifestantes incendiando ônibus e prédios e jogando pedras contra a tropa de choque, que respondeu com gás lacrimogêneo. Pela noite, diversas plataformas de mídia social e de troca de mensagens foram restritas no país.

Além da União Africana, a ONU também condenou os distúrbios. Já a França pediu moderação e diálogo para resolver a crise, mostrando-se preocupada com a escalada da violência. A ONG Anistia Internacional, por sua vez, pediu ao governo que investigue as mortes e evite o uso de força desproporcional.

Sonko é acusado de estuprar uma funcionária de uma casa de massagem em 2021 e de ameaçá-la de morte. Um tribunal inocentou o político de estupro, mas o considerou culpado de outro delito descrito no Código Penal como comportamento imoral contra menores de 21 anos. A mulher tinha 20 anos à época.

De acordo com o advogado Bamba Ciss, um dos representantes de Sonko, ele não poderá se candidatar na próxima eleição, marcada para fevereiro, reforçando a visão dos apoiadores do opositor de que a ação tem motivações políticas. O caso desencadeou protestos violentos esporádicos no país desde 2021.

As manifestações populares são incomuns no Senegal e geralmente ganham força em torno das eleições.

O segundo mandato do presidente Macky Sall, eleito em 2012, foi particularmente turbulento para um país em geral visto como uma das democracias mais fortes da África. No entanto, há o temor de que o líder senegalês utilize alguma manobra para concorrer pela terceira vez seguida.

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