Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Veja cronologia da maior crise da era de Vladimir Putin na Rússia

Turbulência se estendeu por 36 horas e foi encerrada após negociações intermediadas pelo ditador da Belarus

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São Paulo

Tropas mercenárias lideradas por Ievguêni Prigojin desafiaram o governo de Vladimir Putin na maior turbulência militar na Rússia desde a década de 1990. A crise se estendeu por 36 horas e foi encerrada neste sábado (24) após negociações intermediadas pelo ditador belarusso, Aleksandr Lukachenk.

Durante o motim, soldados do grupo mercenário Wagner entraram em confronto com as forças federais, ocuparam prédios no sul russo e marcharam em direção a Moscou. Veja a seguir a cronologia da crise.

Soldado do Grupo Wagner em blindado na cidade de Rostov-on-Don, na Rússia
Soldado do Grupo Wagner em blindado na cidade de Rostov-on-Don, na Rússia - Stringer - 24.jun.23/Reuters

5h de sexta-feira (23)

A crise entre as tropas mercenárias e o governo Putin escala a partir das 11 horas de sexta no horário de Moscou (5h em Brasília), quando Ievguêni Prigojin, fundador e comandante do Grupo Wagner, faz várias postagens acusando o ministro da Defesa da Rússia, Serguei Choigu, de enganar Putin e a população russa sobre a Guerra da Ucrânia.

Prigojin diz que que não havia motivo para o conflito, já que Kiev e a Otan, a aliança militar ocidental, não iriam lançar um ataque contra a Rússia. "Estamos banhados de sangue", afirma.

Os atritos entre as partes já vinham aumentando nos últimos meses, com Prigojin dizendo que a Defesa russa boicota seu trabalho. Em uma das declarações mais notórias, o mercenário pergunta, cercado de cadáveres e aos berros, onde estão as munições prometidas. "Choigu! Gerasimov! Onde está a merda da munição?", grita, referindo-se ao ministro Choigu e ao chefe do Estado-Maior, Valeri Gerasimov.

10h de sexta

Cinco horas após subir o tom contra o governo russo, Prigojin acusa as forças de Choigu de serem as responsáveis por um ataque contra um acampamento do Wagner no sul da Rússia. O líder ordena ofensivas de seus soldados contra os combatentes federais, iniciando o motim.

18h de sexta

O Serviço Federal de Segurança (FSB), correspondente ao KGB da União Soviética, acusa Prigojin de rebelião armada. Veículos blindados e tropas do governo federal são posicionados em Moscou e em cidades estratégicas do sul da Rússia.

1h30 de sábado (24)

Tropas mercenárias do Grupo Wagner ocupam prédios administrativos e até um quartel-general na região de Rostov-do-Don, no sul da Rússia, com pouca resistência. Prigojin anuncia que suas forças estavam marchando para Moscou. Ao longo da manhã de sábado no horário local, ainda madrugada em Brasília, conflitos entre as tropas mercenárias e forças leais a Putin são registrados.

4h de sábado

No primeiro discurso após a crise explodir, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, promete esmagar a maior rebelião militar em solo russo desde os anos 1990. O líder diz que o motim representa um golpe e falou em traição do Grupo Wagner, de seu agora ex-aliado Prigojin.

"Intrigas e politicagem nas costas do Exército e do povo levaram ao maior choque, a destruição do Exército, o colapso do Estado, a perda de muitos territórios e, no fim, a tragédia e a guerra civil. Russos mataram russos, irmãos mataram irmãos", disse Putin em discurso transmitido em rede nacional da TV.

O presidente se referia ao golpe bolchevista que derrubou o governo que havia removido o czar do poder, em 1917, levando à Guerra Civil Russa, que matou milhões até a formação da União Soviética, em 1922.

Tarde de sábado

Colunas blindadas do Grupo Wagner chegam a Lipetsk, a cerca de 350 km de Moscou, sem enfrentar resistência significativa. O comboio mercenário inclui tanques de guerra e outros veículos blindados, lançadores de foguetes e caminhões que transportavam soldados.

15h30 de sábado

O motim termina após negociações entre Prigojin e o governo Putin intermediadas pelo ditador belarusso, Aleksandr Lukachenk. Ievguêni Prigojin vai se exilar em Belarus, anuncia Moscou.

O governo russo se compromete a arquivar os processos criminais contra Prigojin. Segundo o Kremlin, os combatentes do Grupo Wagner que participaram das ações contra o governo não serão processados, como parte do reconhecimento pelos serviços prestados à Rússia.

Soldados mercenários que não se uniram ao motim assinarão contratos e serão incorporados ao Ministério da Defesa russo.

17h de sábado

Mercenários do Grupo Wagner deixam Rostov-on-Don, cidade que haviam ocupado no início do motim. Cercado de homens armados, Prigojin é visto entrando em um veículo.

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