Um avião que combatia um incêndio florestal na Grécia explodiu nesta terça (25) após sobrevoar a ilha de Évia. Vídeo exibido pela emissora estatal ERT mostra a aeronave irrompendo em chamas depois de colidir.
A Força Aérea do país informou que havia dois tripulantes a bordo do modelo anfíbio Canadair CL-215, o avião que lançava água sobre focos de chamas quando caiu em uma encosta próxima à cidade de Karystos. O capitão e o copiloto, de 34 e 27 anos, respectivamente, morreram.
A Grécia vive um momento de "guerra contra os incêndios florestais", como definiu o premiê Kyriakos Mitsotakis, causados pela forte onda de calor que atinge o país. Autoridades retiraram quase 2.500 pessoas preventivamente da ilha de Corfu, na costa da Albânia, na segunda-feira (24). Na semana passada, mais de 30 mil turistas tiveram que deixar Rodes, perto do litoral da Turquia, pela mesma razão.
Além dos pilotos, a Grécia reportou uma terceira morte relacionada aos incêndios florestais que assolam o país. A vítima é um criador de gado de 41 anos que estava desaparecido desde domingo (23). O corpo foi encontrado carbonizado na ilha de Évia, mesma região onde o avião que combatia as chamas caiu.
Mitsotakis alertou para dias difíceis até quarta (26), quando as temperaturas devem exceder 44°C em algumas regiões, ainda que, de acordo com o serviço meteorológico nacional, a onda de calor só deve baixar a partir de quinta-feira (27).
"Todos estamos de guarda. Diante do que todo o planeta está enfrentando, especialmente o Mediterrâneo, que é um ponto crítico das mudanças climáticas, não existe um mecanismo mágico de defesa. Se houvesse, nós o teríamos implementado", disse o premiê.
Forças de Turquia e Eslováquia se juntaram às centenas de bombeiros gregos que combatem as chamas —o calor e o vento dos últimos dias fizeram com que o fogo recrudescesse em vários locais.
Mais voos de emergência estão programados para levar turistas de volta a seus respectivos países de origem, enquanto operadoras cancelaram viagens com destino às ilhas atingidas. Lefteris Laoudikos, cuja família é dona de um pequeno hotel na cidade litorânea de Kiotari, um dos epicentros do incêndio no fim de semana, contou que 200 hóspedes partiram em carros alugados.
"No sábado, quando senti o vento e vi que não havia aviões [para combater as chamas], disse a todos: 'Vamos queimar hoje'", afirmou.
Um promotor de Rodes iniciou uma investigação sobre as causas dos incêndios e a resposta das autoridades. Ele disse que cerca de 10% da área terrestre da ilha foi queimada.
O turismo representa 18% da produção econômica da Grécia e um em cada cinco empregos no país. Em Rodes —e em muitas outras ilhas gregas—, a dependência da visita de estrangeiros é ainda maior.
A região atrai cerca de 1,5 milhão de visitantes nos meses de verão. John Hatzis, dono de três hotéis não afetados no norte de Rodes, disse que a ilha precisa receber os turistas de volta. "Após os esforços sobrehumanos para conter o fogo, precisamos de esforços sobrehumanos para reiniciar o turismo."
Itália enfrenta condições extremas
O governo da Itália prepara uma declaração de estado de emergência devido às condições climáticas extremas. Enquanto o norte do país foi atingido por fortes tempestades, que causaram a morte de duas pessoas, o sul foi sufocado por uma onda de calor que levou as temperaturas próximas a níveis recordes.
Nas províncias de Monza e Brescia, uma mulher e uma adolescente de 16 anos foram mortas ao serem esmagadas por árvores. No Vêneto, um adolescente ficou gravemente ferido ao ser atingido por um galho.
Uma tempestade noturna em Milão arrancou telhados e centenas de árvores, o que bloqueou estradas, destruiu carros e interrompeu parte do transporte terrestre. As atrações turísticas também sofreram impacto: o Castelo Sforza foi fechado e a chuva invadiu a famosa galeria comercial Vittorio Emanuele II.
Catania, a principal cidade do leste da Sicília, está sendo atingida por cortes de energia e abastecimento de água. Em Palermo, a operadora do aeroporto informou que voos puderam ser retomados depois que um incêndio nas proximidades havia interrompido decolagens e pousos.
O governo prepara medidas de emergência para ajudar as regiões atingidas pelo clima extremo —estima-se um prejuízo de mais de € 100 milhões (R$ 524 milhões). Autoridades querem que empresas de construção e agricultura mantenham os funcionários em casa durante a onda de calor.
Outras regiões também são impactadas pelas condições climáticas. No sul da França, dezenas de bombeiros usaram aviões para combater um incêndio florestal perto do aeroporto internacional de Nice.
Uma avaliação de cientistas publicada nesta terça-feira diz que a crise climática desempenhou um papel "absolutamente esmagador" nas ondas de calor extremas. Neste mês, a América do Norte, o sul da Europa e a China sofreram consequências das altas temperaturas.
O clima extremo em julho causou estragos em todo o planeta, com escassez de água e aumento nas internações hospitalares relacionadas ao calor. Sem a mudança climática, os eventos deste mês teriam sido "extremamente raros", de acordo com a World Weather Attribution.
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