Descrição de chapéu mudança climática África

Grécia retira milhares pessoas de ilhas turísticas por 'guerra contra incêndios'

País mediterrâneo sofre com intensa ondas de calor, assim como Norte da África; na Argélia, 34 morrem em incêndios florestais

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Rodes (Grécia) | Reuters e AFP

Em situação crítica, a Grécia vive um momento de "guerra contra os incêndios florestais", inflamados pela forte onda de calor que atinge o país. Autoridades retiraram milhares de pessoas de duas ilhas turísticas, enquanto bombeiros continuam trabalhando.

Quase 2.500 pessoas foram retiradas preventivamente da ilha grega de Corfu, localizada na costa da Albânia, nesta segunda-feira (24). Em Rodes, que fica próximo ao litoral da Turquia, mais de 30 mil turistas tiveram de fugir no sábado (22) e no domingo (23), pela mesma razão.

"A Grécia está em guerra contra os incêndios", afirmou nesta segunda-feira o primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis ao Parlamento. "Ainda teremos três dias difíceis em razão das altas temperaturas."

Fumaça sobe na vila de Kiotari, na ilha de Rodes
Fumaça sobe na vila de Kiotari, na ilha de Rodes - Spyros Bakalis/AFP

O país mediterrâneo se vê afetado por uma das mais intensas ondas de calor das últimas décadas, com temperaturas que chegaram a 46°C no final de semana, dificultando o trabalho dos bombeiros.

Na ilha de Corfu, autoridades enviaram uma mensagem de alerta aos celulares de moradores e visitantes em várias localidades para que abandonassem "suas residências por precaução".

O incêndio segue forte numa floresta da região, onde 62 agentes com a ajuda de dois helicópteros e dois aviões tentam apagar os incêndios, segundo os bombeiros. Em Rodes, mais de 266 bombeiros trabalham para conter o fogo no sul e no oeste da ilha do arquipélago Dodecaneso, no mar Egeu. De acordo com as autoridades, a região teve a maior operação de retirada de turistas da Grécia neste final de semana.

Aeroporto vira acampamento

Centenas de turistas, principalmente britânicos, alemães e franceses, esperavam no domingo no aeroporto internacional de Rodes por um voo de volta para casa. Segundo a agência AFP, nesta segunda-feira o local ficou semelhante a um acampamento improvisado, com trabalhadores temporários deitados sob cangas e cadeiras ocupadas por turistas em trajes de banho.

No saguão de embarque, muitos viajantes relataram ter vivido o que chamaram de pesadelo. O alemão Daniel-Cladin Schmidt, 42, que viajou de férias com a mulher e o filho de 9 anos para Kiotari, no sudeste da ilha, disse que ele e a família estão "exaustos e traumatizados". "Ainda não temos noção do que aconteceu", disse ele, que teve de deixar o hotel e correr após um alerta de emergência soar no local.

Também no saguão do aeroporto, as nigerianas Audrey e Marylin, de 19 e 20 anos, contaram que os "incêndios pareciam distantes, mas tudo mudou de uma hora para outra". "Nenhum plano específico de retirada foi implementado." Elas moram em Budapeste e foram trabalhar temporariamente em um hotel em Lindos, um dos lugares mais visitados de Rodes, conhecido por sua antiga Acrópole.

Vários países europeus mobilizaram esforços no aeroporto para auxiliar seus cidadãos. Como a maioria dos hotéis está lotada, as autoridades disponibilizaram alojamentos de emergência em edifícios públicos, espaços culturais e ginásios. Nesta segunda, muitas regiões permaneciam em "alerta vermelho", com perigo extremo de incêndios florestais, segundo um funcionário da assessoria dos bombeiros.

Outros focos de incêndio seguiam ativos em Égio, ao norte do Peloponeso, em Caristo, ao sul da ilha de Eubeia, e em Beócia, região ao norte de Atenas. A Grécia registrava nesta segunda uma ligeira redução da temperatura. De acordo com o serviço meteorológico nacional, no entanto, o país será atingido por uma nova onda de calor até quarta-feira (26), quando alguns pontos do país devem alcançar 44°C.

Ao menos 34 morrem na Argélia

O desafio que assola a Europa também se estende ao Norte da África. Nesta segunda-feira, a Argélia reportou ao menos 34 mortes relacionadas a incêndios florestais, sendo que dez das vítimas eram soldados. O Ministério do Interior informou que 8.000 bombeiros trabalham para controlar as chamas.

Ao menos 1.500 pessoas já foram obrigadas a deixar suas casas à medida que o fogo avança. As áreas mais afetadas são Boumerdes, Bouira, Tizi Ouzou, Jijel, Bejaia e Skikda. Autoridades disseram ter iniciado uma investigação sobre as causas dos incêndios.

A região, como todo o Norte do continente, vem registrando temperaturas em torno de 49°C.

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