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Documentos vazados mostram que 'trem de Putin' tem spa e academia

Grupo ligado a ex-oligarca russo revela detalhes de vagão que teria sido criado para uso exclusivo do presidente

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Lisboa

Academia, spa e até equipamento para procedimentos estéticos. Documentos vazados nesta segunda (10) mostraram itens instalados no vagão de um trem feito com exclusividade para o presidente russo, Vladimir Putin. Até então, o interior do veículo era desconhecido.

O material foi tornado público à rede americana CNN e a jornais alemães pelo Dossier Center, projeto que afirma rastrear a atividade de pessoas ligadas ao Kremlin e que está sob a batuta de Mikhail Khodorkovski, um ex-oligarca russo que se voltou contra Putin.

O presidente russo, Vladimir Putin, na Sibéria
O presidente russo, Vladimir Putin, na Sibéria - Mikhail Metzel - 14.mar.23/Sputnik via AFP

Segundo os documentos, Putin e a alta cúpula do governo russo são os únicos a utilizar o vagão de número 021-78630, concluído em 2018. O espaço teria sido equipado inicialmente com equipamentos italianos de academia da marca Technogym.

De acordo com a CNN, a Administração de Transportes russa recebeu em 2022 um pedido para reequipar a academia —o espaço, então, ganhou máquinas feitas por uma empresa baseada nos EUA.

O espaço dedicado para estética contaria com uma máquina de radiofrequência usada para realçar a firmeza da pele. A área também tem mesa de massagem. O conteúdo dos outros 20 vagões do trem, no entanto, continua desconhecido.

A estrutura toda tem custo estimado em cerca de 6,8 milhões de rublos (R$ 366,7 milhões), segundo o Dossier Center. "Atualmente, o poder na Rússia é mantido por uma organização criminosa que opera dentro do Kremlin", diz um comunicado no site do grupo.

Ainda segundo a CNN, o Dossier Center revelou que o material foi vazado por um informante dentro da Zircon Service, empresa encarregada pela Russian Railways, a operadora ferroviária estatal.

Após o vazamento dos documentos, o Kremlin negou o material e disse que o espaço não foi feito para o presidente russo. "O presidente Putin não tem vagões desses em seu uso ou em sua propriedade", diz um comunicado enviado à rede americana.

A Zircon Service, assim como a Russian Railways, não comentaram o assunto à CNN. Por outro lado, o próprio governo já divulgou imagens de Putin fazendo reuniões em trens.

Khodorkovski, o ex-oligarca por trás do vazamento, já foi considerado o homem mais rico da Rússia à época em que liderava a gigante petrolífera Yukos. No início da era Putin, ele foi condenado a 14 anos de prisão —dez dos quais passou sob custódia— por sonegação fiscal e fraude, acusação que recebeu após financiar partidos da oposição.

Em 2013, num movimento considerado surpreendente, Putin o perdoou, e Khodorkovski foi levado para a Alemanha, o destino inicial de seu exílio na Europa —hoje ele vive em Londres, onde também está baseado o Dossier Center. Analistas sugerem que ele foi escolhido por Putin como um símbolo para ameaçar outros oligarcas que haviam florescido no país e buscavam ocupar espaço na política local.

Em seu site, o empresário se descreve como alguém que defende "uma visão alternativa para o seu país", o que detalha como "um Estado forte e justo, baseado num modelo de república parlamentar e comprometido com os direitos humanos, as eleições livres e justas e o Estado de Direito, além de uma sociedade civil forte".

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