Família revela última foto de pai e filho antes de entrarem no submarino Titan

Christine, esposa de Shahzada Dawood e mãe de Suleman, conta detalhes dos momentos antes de viagem trágica

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Lisboa

Abraçados, com coletes laranjas, capacetes e sorrindo com o oceano Atlântico de fundo. Esse foi o retrato da última imagem divulgada do bilionário paquistanês Shahzada Dawood, 58, e de seu filho Suleman, 19, antes de embarcarem no submersível Titan, na viagem em que eles e outras três pessoas morreram.

Ao New York Times Christine, viúva e mãe, revelou detalhes da viagem para conhecer os destroços do Titanic que terminou em implosão. Ela disse acreditar que eles morreram escutando as músicas favoritas —compartilhadas por bluetooth no submersível—, na expectativa de avistar criaturas bioluminescentes no fundo do mar. "Ele [o marido] estava como uma criança vibrando", descreveu. "Foi uma boa manhã."

Shahzada Dawood, 58, e seu filho Suleman, 19, momentos antes de embarcarem no submersível Titan
Shahzada Dawood, 58, e seu filho Suleman, 19, momentos antes de embarcarem no submersível Titan - Arquivo Pessoal

Christine estava junto na viagem, mas permaneceu no navio de apoio com Alina, a filha do casal, em 18 de junho —Dia dos Pais, comemorado no terceiro final de semana de junho em países como EUA e Canadá.

A bordo, Suleman levou um cubo mágico, enquanto o pai tinha uma câmera Nikon, com intenção de capturar imagens do fundo do oceano pela janela do Titan. Durante a descida do submersível, holofotes e luzes internas seriam reduzidas para economizar a bateria para o grande momento —a vista do Titanic. O único brilho viria de telas de computador e canetas iluminadas que os passageiros levavam.

O submersível era dirigido por um controle semelhante ao de videogames, e seu interior era apertado e simples. Como não havia banheiro a bordo, eles teriam de utilizar uma garrafa atrás de uma cortina. Entre as recomendações, os passageiros teriam de vestir gorros e meias grossas para espantar o frio.

Os tripulantes também foram aconselhados a compartilhar músicas por seus celulares. Stockton Rush, 61, dono da OceanGate e piloto do veículo, porém, havia banido o estilo country, segundo Christine.

O submersível perdeu contato 1h45 após o início do mergulho. Christine foi informada do incidente e foi até a ponte, onde uma equipe monitorava a descida do veículo. No final da tarde, foi informada de que não sabiam onde o Titan estava. "Eu olhava para o oceano, caso pudesse vê-los emergindo."

Christine contou como surgiu a ideia da viagem submarina: a família viu um anúncio da OceanGate, oferecendo expedições ao Titanic, durante uma viagem para as geleiras da Groenlândia em 2019. Como a idade mínima na viagem é de 18 anos, a esposa iria com o marido no passeio. Com a pandemia da Covid, porém, a viagem foi atrasada, e o filho do casal completou a idade exigida para viajar. A irmã, Alina, 17, não teve a permissão da OceanGate. A intenção da família era experimentar o mergulho com todos juntos.

A Guarda Costeira dos EUA comunicou na semana passada a abertura de uma investigação sobre o caso. Os destroços do veículo estavam a 488 metros da proa do Titanic, naufragado em 1912, a quase 4 km de profundidade e a 600 km da costa leste do Canadá.

Os destroços do submersível foram retirados do oceano na manhã da última quarta-feira (28). A Guarda Costeira dos EUA afirmou que as análises iniciais mostraram possíveis restos humanos nos destroços.

Além de Shahzada Dawood e Suleman, estavam no Titan Rush, dono da OceanGate, o bilionário britânico Hamish Harding, 58, presidente-executivo da empresa Action Aviation, e o francês Paul-Henri Nargeolet, 77, mergulhador especialista no Titanic.

Com The New York Times

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