O maior protesto em semanas contra a reforma do Judiciário em Israel aconteceu neste sábado (8), em Tel Aviv, com dezenas de milhares de pessoas também se manifestando em outras cidades.
Os líderes dos atos afirmam que planejam intensificar as manifestações na próxima semana.
"Não temos escolha, temos que defender nossa democracia", disse Sigal Peled-Leviatan, 51, que trabalha na área de tecnologia e esteve presente no protesto em Tel Aviv. Na segunda-feira (3), o aeroporto Ben Gurion, o maior de Israel, foi palco de cenas caóticas após milhares de manifestantes irem ao local —37 deles foram presos. Os manifestantes invadiram dois terminais e permaneceram ali por várias horas.
Do lado de fora, outros ativistas se aglomeravam nas ruas, formavam barricadas e geravam engarrafamento. A confusão atrasou voos por horas, de acordo com o jornal Times of Israel —o Ben Gurion costuma transportar cerca de 90 mil passageiros por dia no mês de julho.
Os atos haviam arrefecido desde o final de março, quando o premiê Binyamin Netanyahu interrompeu o plano para tentar negociar com a oposição após semanas de protestos e agitação política. Após diálogos infrutíferos, Bibi, como Netanyahu é conhecido, decidiu reformular a iniciativa, com um novo texto.
Espera-se que o Parlamento inicie na próxima semana a primeira de três sessões sobre a atual versão do projeto, que limita o poder do Supremo Tribunal sobre decisões do governo, de ministros e de autoridades.
No fim de junho, Netanyahu disse ter abandonado um item considerado crucial da controversa proposta de reforma judicial. Em entrevista ao americano The Wall Street Journal, o premiê afirmou ter derrubado a regra que permitiria ao Parlamento anular decisões da Suprema Corte por maioria simples. Já o trecho que altera o processo de nomeação de juízes será alterado, mas não descartado.
O premiê iniciou a reforma judicial logo após tomar posse, em 29 de dezembro, movimento que colocou o país em ebulição e causou uma das maiores crises domésticas na história recente de Israel. Como resposta, milhões de cidadãos saíram às ruas, semana após semana, para se manifestar contra a medida.
A reforma é apontada por opositores e especialistas como um instrumento que corrói a democracia à medida que mina a independência do Judiciário.
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