Quase um terço dos moradores dos EUA está sob alerta de calor extremo

Phoenix, no Arizona, já teve 16 dias seguidos de temperaturas superiores a 43°C; Europa também sofre com onda de calor

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São Paulo | AFP e Reuters

Dezenas de milhões de pessoas enfrentaram neste domingo (16) uma onda de calor extremo nos Estados Unidos, em mais uma demonstração das consequências da crise climática.

O Serviço Meteorológico Nacional alertou para uma onda de calor extremamente perigosa da Califórnia ao Texas pelos próximos dias. A cidade de Phoenix, no Arizona, registrou 45°C neste domingo, no 17º dia consecutivo com máximas superiores a 43°C. Na noite anterior, a temperatura na região ficou acima de 33ºC pelo quarto dia seguido. No centro e no sul da Califórnia, termômetros marcaram de 41°C a 45°C.

Morador de rua de Phoenix recebe água de voluntário, para enfrentar o calor - Brandon Bell - 14.jul.23/Getty Images via AFP

Quase um terço dos moradores dos EUA, do Oregon ao Texas, está sob alerta, já que uma onda de calor extremo assola o oeste e o sudoeste do país por causa de uma massa de ar de alta pressão que impede a chuva de chegar e aliviar as temperaturas para 113 milhões de pessoas.

O Climate Check, um grupo de análise imobiliária com foco no clima, relatou que, entre 1985 e 2005, Phoenix teve média de sete dias por ano acima de 43°C. Até 2050, porém, os residentes devem ter cerca de 44 dias por ano acima dessa temperatura.

Na região do Vale da Morte, um dos locais mais quentes do mundo, a temperatura atingiu 52ºC neste domingo. O recorde histórico da região é de 56,7°C, registrado em 1913.

As mortes relacionadas ao calor no condado de Maricopa, em Phoenix, aumentaram nos últimos anos, passando de 338 em 2021 para 425 em 2022. Até agora, este ano registrou 12 mortes relacionadas ao calor, com 55 ainda sob investigação.

Nos Estados Unidos como um todo, cerca de 700 morrem por ano por causa do calor, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças.

Funcionários de serviços de emergência distribuíram água engarrafada para pessoas em situação de rua e as encorajaram a procurar abrigo em estações públicas de resfriamento. No total, 14 estados americanos estão sob alerta de calor extremo.

Enquanto o oeste americano registra calor mais intenso, a temperatura deve diminuir no leste com a chegada de uma frente fria. Autoridades alertaram para o risco de tempestades e inundações, e as áreas sob risco incluem grandes cidades como Nova York, Boston e Filadélfia.

Incêndios provocados pelo calor já destruíram mais de 1.200 hectares no sul da Califórnia. No Canadá, mais de 10 milhões de hectares foram destruídos desde o início do ano, número muito superior ao registrado em 2022. Autoridades registraram neste domingo mais de 900 focos ativos, sendo que 570 deles estão fora de controle, segundo o Centro Interagências Canadense de Incêndios Florestais.

Outros países do Hemisfério Norte também enfrentam ondas de calor intensas. Na Itália, 16 cidades estão sob alerta vermelho, com máximas que variam de 36ºC a 37ºC. Apesar da alta temperatura, quase 15 mil peregrinos e turistas compareceram à praça de São Pedro para ouvir o papa Francisco recitar a bênção do Angelus, segundo o Vaticano.

Na Espanha, a agência meteorológica emitiu alertas para temperaturas de 38ºC a 42ºC em várias regiões do país, além de um alerta vermelho (perigo extremo) para áreas da Andaluzia e Aragón, Catalunha e Mallorca, onde as temperaturas podem chegar a 44ºC.

No Japão, autoridades emitiram alerta para o risco de insolação em 20 dos 47 províncias do país devido a temperaturas próximas de 40ºC. Na China, termômetros marcaram 41ºC em Xinjiang, região parcialmente desértica.

No verão do ano passado, mais de 60 mil pessoas morreram em consequência de temperaturas extremas apenas na Europa, indicou um estudo recente. Cientistas dizem que a crise climática causada por combustíveis fósseis está trazendo temperaturas mais quentes e mortais, alertando que o mundo precisa reduzir drasticamente as emissões de carbono para evitar seus efeitos catastróficos.

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