Série de tiroteios em festas do 4 de Julho nos EUA deixa 10 mortos e 38 feridos

Dia da Independência americano foi um dos que mais registrou tiroteios em massa no país na última década

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São Paulo

Ecoando o trágico episódio de Highland Park, nos arredores de Chicago, no ano passado, quando um atirador disparou contra uma multidão num desfile do feriado de independência dos EUA, as celebrações do 4 de Julho deste ano foram marcadas por ataques a tiros que já somam dez mortes e 38 feridos.

Nesta segunda (3), um tiroteio ocorrido pouco antes da meia-noite em Fort Worth, no Texas, provocou ao menos três mortes e deixou oito feridos. À CNN a polícia informou que seus agentes encontraram várias pessoas baleadas em um estacionamento de um bairro conhecido pelas festividades que realiza em antecipação aos desfiles da data.

O que motivou a violência, entretanto, ainda é incerto —de acordo com as autoridades, é cedo para afirmar se ela está relacionada a disputas de gangues locais, por exemplo.

Policiais cercam cena de ataque a tiros na Filadélfia, na Pensilvânia, nos EUA, onde ao menos oito pessoas morreram - Drew Hallowell - 3.jul.23/Getty Images/AFP

Na mesma noite, na Filadélfia, na costa leste do país, um ataque a tiros deixou ao menos cinco mortos, além de duas crianças feridas. O suspeito é um homem de cerca de 40 anos que portava um fuzil e um revólver, vestia um colete a prova de balas e usava um rádio comunicador. Ele foi detido pela polícia.

Os dois incidentes foram antecedidos por um tiroteio em uma tradicional festa de vizinhança da cidade de Baltimore, a cerca de 60 quilômetros da capital, Washington, no domingo (2). Duas pessoas morreram, e outras 28 ficaram feridas —destas, 15 eram adolescentes, com idades entre 13 e 17 anos. Até esta segunda-feira, sete das vítimas ainda estavam internadas, quatro em situação grave, e os suspeitos pelo crime não haviam sido localizados.

A série de eventos ilustra o crescimento dos tiroteios em massa —ataques em que quatro ou mais pessoas são baleadas, com exceção do atirador— em curso nos EUA desde o início da pandemia.

De acordo com a ONG Gun Violence Archive, que documenta esses casos, só neste ano já houve ao menos 340 episódios nos EUA —cifra próxima do total registrado em 2019, de 415. Essa média cresceu significativamente: foram 610 casos em 2020, 690 em 2021, e 646 em 2022.

Para James Alan Fox, professor de criminologia na Universidade Northeastern, uma das explicações para essa alta tem a ver com a própria Covid. "Muitos estão passando por dificuldades financeiras e emocionais derivadas da pandemia", disse ele à Reuters.

O pesquisador acrescentou que, assim como os tiroteios em massa, a venda de armas também aumentou no período —a difusão do porte dos equipamentos, que nos EUA é um direito garantido pela Constituição, é citada por muitos especialistas como uma das razões para o crescimento dessas tragédias e é mais um tema que divide democratas e republicanos em um país já polarizado.

Em comunicado divulgado após os ataques, o presidente Joe Biden renovou seus pedidos para que o Congresso restrinja mais suas leis de posse de armas, convocando legisladores republicanos a "a se sentarem à mesa para discutir reformas significativas e sensatas". "Nossa nação mais uma vez enfrenta uma onda de tiroteios trágicos e sem sentido."

Embora o número de tiroteios em massa no Dia da Independência americano possa parecer uma coincidência, a data é uma das que mais registrou tiroteios em massa nos EUA na última década, segundo Fox —baseando-se nos números do Gun Violence Archieve, ele afirmou que houve 52 episódios do tipo no período, ou uma média de 5,2 por ano, superior a qualquer outro dia.

Ainda de acordo com o pesquisador, outras datas recordistas de ataques do tipo são o dia após o feriado, 5 de julho, e 1º de janeiro. "As pessoas não trabalham ou vão à escola, estão em eventos sociais, bebendo álcool, em um clima quente no caso de 4 e 5 de julho, e alguns deles têm armas", escreveu o pesquisador.

Com AFP e Reuters

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