Cidade histórica e turística do Havaí é engolida por incêndio florestal; mortes chegam a 55

Biden aprova estado de desastre para auxiliar afetados; fogo devastou prédios e vegetação de Lahaine, na ilha de Maui

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Kahului (Havaí) | Reuters

Os incêndios florestais que devastam o Havaí desde quarta-feira (9) destruíram principalmente a cidade turística e histórica de Lahaina, na ilha de Maui, deixando cinzas no lugar de prédios, carros e vegetação.

Autoridades confirmam 55 mortes no total e muitos feridos por queimaduras e inalação de fumaça.

Na noite desta quinta (10), o governador do estado, o democrata Josh Green, afirmou que o número de mortos aumentaria "muito significativamente". "Em 1960, tivemos 61 vítimas quando uma grande onda atravessou a Big Island. Desta vez, é muito provável que nosso total supere essa cifra."

Cidade de Lahaina, no Havaí, antes e depois de incêndios florestais

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Ao menos 36 pessoas morreram e milhares foram retirados de localidade turística e histórica na ilha de Maui - Maxar Technologies via Reuters e AFP

Mais tarde, em entrevista coletiva, Green informou que a estimativa é de ao menos mil prédios danificados ou destruídos. "Vai demorar anos para reconstruir Lahaina. Precisamos abrigar milhares de pessoas."

Mais de 11 mil moradores e turistas foram retirados da ilha enquanto ventos provocados pelo furacão Dora, no oceano Pacífico, alimentaram as chamas e dificultaram o mapeamento e o combate ao fogo. O ciclone não atingiu a ilha —o fenômeno passou a cerca de 800 km ao sul e segue se distanciando a oeste.

Segundo imagens de satélite quase toda a cidade de cerca de 13 mil habitantes foi atingida pelo fogo.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou o envio de mais recursos federais para o Havaí, prometeu ajuda a residentes afetados e expressou condolências em telefonema ao governador do estado.

"Todos que perderam um ente querido ou cuja casa foi danificada ou destruída receberão ajuda imediatamente", afirmou Biden durante pronunciamento no estado de Utah, onde cumpria agenda.

O presidente anunciou estado de desastre no Havaí. Segundo a Casa Branca, isso permite que pessoas afetadas pelo fenômeno climático busquem subsídios para moradia temporária ou para reparos de suas casas, e donos de empresas ganhem acesso a programas de recuperação de emergência.

Lahaina é um dos principais destinos de férias da ilha e recebe anualmente 2 milhões de turistas. A cifra representa 80% dos visitantes de Maui, que buscam resorts, praias, passeios de barco e mergulho. O local também foi capital do reino do Havaí, no século 19, e abriga museus com objetos históricos anteriores à chegada de missionários cristãos e americanos.

"Não tivemos preparo, aviso, nada", disse Theo Morrison, diretora-executiva da Fundação de Restauro de Lahaina. O edifício sede da fundação, em si um prédio histórico, está em ruínas. Ao New York Times o morador de Lahaina Tad Craid, dono de um negócio de fotografias para turistas, disse que a situação "foi um inferno total, armagedom". "Como vou pagar minhas contas no mês que vem e daqui a dois meses?"

"Ainda há muitas pessoas com as quais não conseguimos falar. Todos que conheço são agora sem-teto", disse Dustin Lakeiopu, residente da cidade, em entrevista à rede NBC.

Os serviços de emergência da ilha não param de receber ligações pedindo ajuda ou com dúvidas sobre como deixar a região. "Uma das perguntas mais comuns que tenho recebido é 'como posso ir embora?'", disse Claudine San Nicolas, responsável por atender os telefonemas na manhã de quinta.

Cidade turística de Lahaina, na ilha de Maui, devastada por incêndio florestal, no Havaí
Cidade turística de Lahaina, na ilha de Maui, devastada por incêndio florestal, no Havaí - Patrick T. Fallon - 10.ago.23/AFP

O ex-presidente Barack Obama, que nasceu em Honolulu, no Havaí, lamentou nas redes sociais a destruição e as mortes. "É difícil ver algumas das imagens do Havaí –um lugar que é tão especial para muitos de nós. Michelle [Obama] e eu estamos pensando em todos que perderam um ente querido ou cuja vida virou de cabeça para baixo", escreveu, em publicação acompanhada de um link para doação.

Sylvia Luke, vice-governadora do Havaí, afirmou na tarde de quarta que as autoridades do estado ainda tentavam avaliar a extensão dos danos. "Será um longo caminho até nos recuperarmos", declarou.

Dados da Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência da ONU para questões do clima, indicam que eventos climáticos extremos como secas, enchentes, deslizamentos de terra, tempestades e incêndios mais do que triplicaram ao longo dos últimos 50 anos em consequência do aquecimento global.

Outro órgão ligado à ONU, o IPCC (Painel Intergovernamental para a Mudança Climática), já afirmou em relatório que hoje é inequívoco que parte dessas mudanças foi causada pela ação humana.

Com The New York Times

Erramos: o texto foi alterado

O fenômeno Dora é um furacão, não um tornado como afirmava incorretamente versão anterior do texto.
 

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