Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Rússia pressiona, e Ucrânia retira civis de cidades sob ataque

Avanço de Moscou ocorre em meio à contraofensiva; relatos indicam troca de ministro da Defesa em Kiev

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São Paulo

O governo da Ucrânia determinou nesta quinta (10) a retirada de cerca de 12 mil civis em 37 cidades e vilas na região de Kharkiv, no nordeste do país, devido ao risco iminente de invasão por forças russas.

Trata-se da primeira vez que isso ocorre desde o ano passado, sinalizando um momento difícil para Kiev. A medida foi tomada no distrito de Kupiansk, que abriga a estratégica cidade homônima, centro ferroviário vital para o suprimento de forças ucranianas ao sul, na região de Donetsk, no leste. Desde o mês passado, Moscou iniciou um ataque naquela direção e anuncia avanços quase diários, algo de difícil comprovação.

Prédios destruídos por bombardeio russo em Orikhiv, em Zaporíjia, no sul da Ucrânia
Prédios destruídos por bombardeio russo em Orikhiv, em Zaporíjia, no sul da Ucrânia - Reuters

Com a decisão, é previsível que Kiev pretenda tornar a área uma frente mais aguda de batalha, como aconteceu antes em cidades como Mariupol, no sul, e Bakhmut, no leste, palcos dos embates mais sangrentos da guerra, vencidos pelos russos. Houve ataques russos também no sul, em Orikhiv.

A região já viu bastante combate. Todo o distrito de Kupiansk, porta de entrada para a segunda maior cidade da Ucrânia, Kharkiv, foi ocupado pelos russos no começo da invasão. Mas uma ofensiva surpreendente dos ucranianos em setembro expulsou os adversários. Agora, a ação russa ocorre em meio à contraofensiva de Kiev, iniciada em 4 de junho e que até aqui não conseguiu mais do que avanços pontuais em alguns dos trechos defensivos dos russos, que hoje dominam cerca de 20% da Ucrânia.

A pressão sobre Volodimir Zelenski é grande, com questionamentos acerca dos rumos da operação, que emprega soldados treinados pela Otan, a aliança militar liderada pelos EUA, e equipamento ocidental. O presidente tem repetido que os avanços são lentos e custosos e pede ainda mais apoio bélico.

Nesta quarta-feira (9), o assessor presidencial Mikhailo Podoliak postou uma queixa acerca dos comentários críticos de países aliados, afirmando que eles eram as mesmas pessoas que previram a queda da Ucrânia em poucos dias ou semanas, no ano passado. O clima não é bom.

Segundo o jornal Ukrainskaia Pravda, Zelenski está insatisfeito com seu ministro da Defesa, Oleksii Reznikov, figura carimbada dos encontros da Otan. Ele já havia sido implicado num escândalo de corrupção nas Forças Armadas em 2022, mas permaneceu no cargo. Agora, a questão parece ser militar.

Reportagem publicada pelo jornal nesta quinta afirma que Zelenski já falou com dois possíveis candidatos ao posto e que Reznikov pode ser realocado como embaixador no Reino Unido —um dos países europeus que mais apoia militarmente a Ucrânia, tendo sido o primeiro a fornecer mísseis de cruzeiro a Kiev.

O governo ucraniano também anunciou nesta quinta que irá abrir o que chamou de corredor humanitário para navios que estão presos em seus portos de Odessa, Tchornomorsk e Pivdenni, no mar Negro.

A ideia é liberar cerca de 60 embarcações que não conseguem sair de lá desde que o governo de Vladimir Putin deixou o acordo de escoamento de grãos ucranianos pela região, o que garantia que as embarcações não fossem atacadas ou apreendidas pela Frota do Mar Negro russa, no mês passado.

Da forma como foi colocada, a proposta é mais um teste da disposição de Moscou. Desde que deixou o pacto, a Rússia passou a bombardear a infraestrutura portuária ucraniana e impôs um bloqueio naval.

Kiev reagiu empregando drones aquáticos, alguns na forma de bote de controle remoto, outros como submersíveis. Foi longe: danificou um navio militar rival no porto russo de Novorossisk e um petroleiro perto da Crimeia anexada.

No sábado (5), os ucranianos divulgaram um ultimato naval a todas as embarcações que operam nos seis portos da costa russa no mar Negro, dizendo que a partir do dia 23 elas estariam sujeitas a ataques.

É incerto se Kiev tem como fazer valer a ameaça, assim como a promessa de passagem segura dos navios feita nesta quinta.

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