Descrição de chapéu The New York Times

Cidade no México proíbe canções com letras misóginas em shows

Prefeito de Chihuahua anuncia multas de R$ 188 mil a R$ 340 mil a quem violar nova lei aprovada pela Câmara Municipal

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Jesus Jiménez
The New York Times

As autoridades de Chihuahua, no norte do México, aprovaram na semana passada uma proibição de números musicais que apresentem canções com letras que depreciam as mulheres.

O prefeito da cidade, Marco Bonilla, disse que a lei proíbe a execução de músicas que "promovem a violência contra as mulheres" ou incentivam sua discriminação, marginalização ou exclusão. Segundo ele, quem violar a proibição poderá levar multas de 674 mil a 1,2 milhão de pesos (R$ 188 mil a R$ 340 mil).

Desenho do símbolo de Vênus em peitoral de mulher que veste uma regata roxa
Desenho do símbolo de Vênus no Dia Internacional da Mulher, na Cidade do México - Victoria Razo - 8.mar.22/The New York Times

A Câmara Municipal aprovou a proibição por unanimidade em 26 de julho, em meio à alta de assassinatos de mulheres em todo o México nos últimos anos. Chihuahua, com cerca de 940 mil habitantes, lida com muitos casos de violência contra mulheres. Recentemente, disse Bonilla, cerca de 7 em cada 10 ligações para o número de emergência da cidade envolveram violência doméstica, principalmente contra mulheres.

"A violência contra a mulher atingiu níveis que poderíamos considerar uma pandemia", afirmou. "Não podemos permitir que isso aconteça, e também não podemos permitir que seja normalizado."

Não ficou claro quem aplicaria as multas ou como a proibição seria aplicada. O dinheiro arrecadado com as punições será canalizado para um instituto de mulheres em Chihuahua e um abrigo confidencial para mulheres, disse Blanca Patricia Ulate Bernal, vereadora da cidade de Chihuahua que propôs a proibição.

Ulate Bernal disse em um post no Facebook na semana passada que a lei será aplicada a shows e eventos na cidade que exigem uma licença municipal. Ela acrescentou que a proibição ajudaria a garantir que as mulheres tenham o direito de "desfrutar de uma vida livre de violência". Bonilla, Ulate Bernal e outros membros do conselho não responderam imediatamente a pedidos de comentários.

A proibição das letras foi aprovada cerca de um mês após o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, criticar canções conhecidas como "corridos tumbados", ou baladas-armadilhas, cujas letras glorificam os traficantes de drogas e a violência. "Nunca vamos censurar ninguém", disse López Obrador numa entrevista coletiva em junho. "Eles podem cantar o que quiserem, mas não ficaremos calados."

A aprovação da proibição não é a primeira vez que a cidade de Chihuahua se posiciona fortemente contra a execução de certas músicas. Citando altos níveis de violência causada pelas drogas, Chihuahua baniu a antiga banda Los Tigres del Norte em 2012, após um show durante o qual o grupo apresentou três "narcocorridos" –canções que exaltam as ações dos traficantes de drogas.

Na época, a prefeitura também multou os organizadores do show em 20 mil pesos (cerca de R$ 5,6 mil).

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.