Descrição de chapéu Rússia

Conheça o jato da Embraer onde morreu líder mercenário russo

Ievguêni Prigojin voava a caminho de São Petersburgo e havia usado aeronave para ir à Belarus depois de motim em junho

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Boa Vista

O jato do líder mercenário Ievguêni Prigojin que caiu nesta quarta-feira (23) é um modelo Legacy 600 da multinacional brasileira Embraer. O chefe do Grupo Wagner morreu após a aeronave, que ia de Moscou a São Petersburgo, cair na região de Tver. Os três tripulantes e sete passageiros morreram.

Utilizado por Prigojin para voar à Belarus depois que o seu grupo protagonizou um motim na cidade de Rostov-do-Don, o jato tinha matrícula RA-02785 e estava sob sanção dos Estados Unidos por ser considerado propriedade do líder mercenário pelo país. O modelo tem autonomia de voo de 6.290 km de distância (São Paulo a Miami ficam distantes cerca de 6.500 km), e não é mais fabricado.

Em março de 2022, pouco após a invasão russa da Ucrânia, a Embraer comunicou que havia suspendido serviços de peças, manutenção e suporte técnico para clientes alvos de sanções internacionais. Nesta quarta, um porta-voz da empresa informou que a companhia cumpre as restrições impostas à Rússia —a empresa não trabalha no território do país, embora donos de aviões executivos russos consigam manutenção para seus aparelhos em outros mercados, como no Oriente Médio e na Ásia.

Jato modelo Embraer Legacy 600, de Prigojin, em aeroporto de São Petersburgo, em maio; aeronave caiu nesta quarta após sair de Moscou e matou o líder mercenário
Jato da Embraer modelo Legacy 600, de Prigojin, em aeroporto de São Petersburgo, em maio; aeronave caiu nesta quarta após sair de Moscou e matou o líder mercenário - Luba Ostrovskaya - 9.mai.23/Reuters

O Legacy 600 é considerado um aeronave segura e, segundo o site International Aviation HQ, possui apenas um registro de acidente desde que começou a ser produzido: o avião de Prigojin é semelhante ao jato que se chocou com o Boeing da Gol, em 2006, em um dos maiores acidentes aéreos da história do Brasil, que derrubou o avião comercial na Amazônia e deixou 154 mortos.

Segundo as normas da Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO, em inglês), o Brasil pode participar das investigações relativas ao acidente.

O documento que define as regras indica que os Estados responsáveis por fabricação, projeto, operação e registro de aeronaves têm a prerrogativa de solicitar ao Estado onde o incidente ocorreu uma inspeção do avião e das evidências, que devem permanecer intactos até a vistoria.

A Força Aérea Brasileira (FAB) afirma em nota, no entanto, que "neste primeiro momento, compete à agência russa reunir as informações preliminares oficiais e efetuar a comunicação ao Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) [...] para o acompanhamento da ocorrência e a prestação de eventual suporte técnico que aquela agência julgue necessário para a condução da investigação".

Até o momento, a FAB diz que não houve qualquer comunicação da agência russa sobre o ocorrido ao Cenipa.

O Legacy 650E, modelo atualizado, ampliou a autonomia da aeronave bimotor, que pode alcançar cerca de 7.200 km de distância (de São Paulo a Nova York são cerca 7.600 km) e opera a uma altitude máxima de 12.497 metros.

Segundo brochura disponível no site da Embraer, o avião executivo comporta de 13 a 14 passageiros, mais 2 ou 3 integrantes da tripulação.

O modelo 600 fez seu primeiro voo no dia 31 de março de 2001, e quase 300 aeronaves do tipo foram construídas, em diversas versões. O jato possui 21 metros de envergadura e 26 metros de comprimento, com velocidade máxima de 870 km/h, e " alto padrão de conforto, amplo espaço de cabine, tecnologia de ponta e baixo custo operacional", de acordo com a empresa.

Aliados do líder mercenário acusam o Kremlin pela morte do chefe e afirmam que o jato foi abatido.

Prigojin é o mais próximo ex-auxiliar do presidente russo a morrer em circunstâncias misteriosas. Conhecido como "chef de Putin", por ter fornecido serviços de alimentação no Kremlin e ao governo russo, em contratos anuais de US$ 1 bilhão, ele operava o grupo mercenário desde 2014 a serviço do Kremlin.

Na segunda-feira (21), o Grupo Wagner havia divulgado o primeiro vídeo de Prigojin desde o motim deflagrado pela organização no fim de junho, na cidade russa de Rostov-do-Don. Na publicação ele sugeria estar na África, onde o grupo tem operações em países como o Mali e o Níger.

Com Reuters

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