Descrição de chapéu América Latina

Ministro amigo próximo de Boric renuncia no Chile em meio a escândalo e pressões

Giorgio Jackson era titular do Desenvolvimento Social e construiu frente ampla após grandes manifestações de rua

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Santiago | AFP

O ministro do Desenvolvimento Social do Chile, Giorgio Jackson, muito próximo ao presidente, Gabriel Boric, renunciou nesta sexta-feira (11) pressionado por anúncio da oposição de que buscaria contra ele uma nova acusação constitucional —mecanismo jurídico-político previsto no Chile em que Câmara dos Deputados decide se acusa a autoridade alvo e o Senado atua como parte julgadora.

Esta seria a segunda acusação constitucional contra o ministro, que sobreviveu a processo semelhante em janeiro, também posto em marcha pelo Partido Republicano, do ultradireitista José Antonio Kast.

Giorgio Jackson, então secretário-geral da Presidência do governo de Gabriel Boric, no Palácio de La Moneda, em Santiago
Giorgio Jackson, então secretário-geral da Presidência do governo de Gabriel Boric, no Palácio de La Moneda, em Santiago - Rodrigo Garrido - 10.jun.2022/Reuters

A entrega do cargo se dá após pressões relativas ao repasse de verbas públicas a fundações ligadas ao partido Revolução Democrática, da esquerda, fundado por Jackson, que compõe a frente de apoio a Boric. Em um dos casos, a fundação Democracia Viva recebeu cerca de US$ 530 mil (R$ 2,59 milhões).

"Decido me afastar depois de constatar que minha presença no gabinete tem sido utilizada pela oposição política como uma desculpa para não avançar nos acordos que o Chile demanda e necessita atualmente. Eu comuniquei isso ao presidente dessa maneira e ele compreendeu assim. Quero aproveitar a oportunidade para agradecer a confiança que o presidente depositou em mim", disse Jackson nesta sexta-feira, no Palácio de La Moneda.

O ministro já não estava no núcleo duro do governo, apesar da proximidade com Boric, mas é um duro golpe para o presidente esquerdista, o mais jovem eleito no país. Em uma das reformas ministeriais promovidas até o momento, Jackson havia deixado o cargo que ocupava de secretário-geral da Presidência.

Jackson e Boric construíram juntos suas carreiras políticas quando eram líderes estudantis. A partir daí, saltaram para o Congresso, ambos como deputados, e depois para o governo, quando Boric se tornou o presidente mais jovem a assumir a presidência do Chile, aos 36 anos —ele vencera o pleito aos 35.

O líder chileno enfrenta hoje profunda crise de popularidade. Logo no primeiro ano de seu mandato, em 2022, ele viu a mobilização popular, principalmente à esquerda, na esteira da qual ele foi eleito ficar pelo caminho quando os chilenos rejeitaram a nova Constituição para o país.

Após o rechaço, a maré foi revertida para a nova Constituinte, já em 2023: saiu vencedora a ultradireita, com 23 dos 51 assentos, confirmando vácuo político do centro e nova derrota a Boric, que fez da nova Carta um motor de sua coalizão política e de sua campanha presidencial.

Prestes a completar um ano de governo, o chefe de Estado viu sua popularidade bater recordes negativos, com 70% de reprovação entre os chilenos nas primeiras semanas de janeiro, segundo pesquisas.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.