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Morte de criança após assalto suspende campanhas às primárias na Argentina

Menina de 11 anos morreu no hospital depois de ser roubada e agredida em cidade vizinha a Buenos Aires

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Buenos Aires

Morena Domínguez, 11, chegava caminhando à escola por volta das 7h30 desta quarta-feira (9) quando dois homens em uma moto a agrediram para roubar sua mochila. Ela caiu no asfalto, foi arrastada por alguns metros e morreu duas horas depois em um hospital na cidade de Linús, vizinha a Buenos Aires.

O crime, ocorrido às vésperas das eleições primárias na Argentina deste domingo (13), causou forte comoção no país e levou à suspensão de vários atos de campanha. A violência tem sido um dos temas centrais da disputa —principalmente na região metropolitana, que vive uma piora da insegurança— e nos discursos da oposição de direita.

População protesta contra insegurança após morte de menina de 11 anos enquanto ia para a escola - Emiliano Lasalvia/AFP

Os três principais candidatos à Presidência cancelaram os eventos de encerramento de campanha que fariam nestas quarta e quinta-feira (10), incluindo o peronista Sergio Massa, ministro da Economia, Horacio Larreta, chefe de governo da capital, e Patricia Bullrich, ex-ministra da Segurança. Os dois últimos disputam as primárias da coalizão Juntos por el Cambio.

Além deles, também suspenderam seus atos os postulantes ao governo da província de Buenos Aires, como o governador peronista Axel Kicillof, que concorre à reeleição, e o prefeito da cidade de Lanús, Néstor Grindetti, que busca uma vaga no primeiro turno pela aliança de direita.

Uma câmera da rua filmou a parte final do assalto, em que a menina é arrastada. Uma vizinha tenta ajudá-la, um carro ameaça bloquear o caminho dos assaltantes e um homem tenta persegui-los, mas eles fogem. Os dois homens que aparecem nas imagens foram presos mais tarde e a moto foi apreendida, de acordo com o ministro de Segurança da província, Sergio Berni.

Antes disso, familiares e vizinhos da vítima protestaram na delegacia da cidade, onde houve alguns incidentes com policiais que vigiavam o edifício. Uma passeata também foi convocada em frente à prefeitura, com críticas ao prefeito Grindetti, que pediu licença do cargo para dirigir o Clube de Futebol Independiente enquanto fazia campanha eleitoral para o governo.

Outro fato criticado por testemunhas foi a demora da ambulância, que levou 40 minutos para socorrer a menina. Ela foi levada ao hospital em estado crítico e morreu por volta das 9h30, após um traumatismo craniano e uma parada cardiorrespiratória, segundo fontes policiais e médicas contaram à imprensa local.

Os principais aspirantes a presidente se manifestaram sobre o caso nas redes sociais, exceto o governista Sergio Massa. "Não há palavras para tanta dor. Minhas condolências à família de Morena e aos seus entes queridos. Precisamos de justiça. Vou estar ao lado deles para exigir isso", escreveu Larreta.

"Mais uma vez a dor. Agora com o assassinato de Morena, de 11 anos. Toda a minha solidariedade e apoio à família e amigos. Não podemos continuar vivendo com tanta angústia e medo. Não dá mais. Transformaram a Argentina em um país 'invivível'", publicou Patricia Bullrich, que aposta numa imagem mais linha-dura.

"A tragédia de Lanús [...] tem um responsável muito claro: uma classe política que há décadas defende um modelo de empobrecimento e zaffaronismo que gera criminosos sem nenhum respeito pela vida. Décadas colocando as vítimas no lugar dos agressores e os criminosos no lugar das vítimas", escreveu o ultraliberal Javier Milei, que se apresenta como terceira via. Ele se referiu-se a Eugenio Raúl Zaffaroni, juiz da Corte Interamericana de Direitos Humanos.

A insegurança ocupa o segundo lugar (38%) nas preocupações dos argentinos, depois da inflação (55%), aponta uma pesquisa recente da Universidade de San Andrés. O país registrou 4,2 homicídios a cada 100 mil habitantes em 2022, segundo o ministério da Segurança, uma das taxas mais baixas da América Latina. No Brasil, esse número é quase o quíntuplo (19,5).

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