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Rússia acusa de espionagem ex-funcionário de consulado dos EUA

Robert Chonov estava detido desde maio; Departamento de Estado americano nega atividade ilegal

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Moscou | AFP e Reuters

O Serviço Federal de Segurança (FSB) da Rússia acusou Robert Chonov, um ex-funcionário do consulado dos Estados Unidos em Vladivostok, de repassar ilegalmente informações sobre a Guerra da Ucrânia a dois funcionários diplomáticos de Washington nesta segunda-feira (28).

De acordo com a agência de notícias Tass, o FSB divulgou um vídeo com a confissão de Chonov. O homem, de nacionalidade russa, é acusado de cooperar com um Estado estrangeiro em segredo.

Fachada da embaixada dos Estados Unidos em Moscou, na Rússia
Fachada da embaixada dos Estados Unidos em Moscou, na Rússia - Mladen Antonov - 31.jul.17/AFP

Detido desde maio, Chonov trabalhou como representante dos EUA no extremo leste russo por mais de 25 anos, segundo Matthew Miller, porta-voz do Departamento de Estado americano. Em abril de 2021, porém, o Kremlin proibiu cidadãos russos de trabalharem para missões diplomáticas americanas no território.

Ainda segundo Miller, após deixar o cargo no consulado, o homem prestou serviços para uma empresa privada contratada pela embaixada dos EUA em Moscou, "em estrito acordo com as leis e regulações da Rússia".

"Como em qualquer missão diplomática no mundo, as embaixadas dos EUA contratam serviços locais. A única função do senhor Chonov quando ele foi detido era fazer briefings de imprensa a partir de jornais estatais. Ele ser acusado de 'cooperação confidencial' reforça como a Rússia usa suas leis cada vez mais repressivas contra seus próprios cidadãos", afirma o comunicado do Departamento de Estado.

Miller também condenou o que chamou de intimidação. "Protestamos veementemente contra as tentativas dos serviços de segurança russos de intimidar e assediar nossos funcionários", diz.

Em comunicado, o FSB afirma que Chonov esteve em contato e desempenhando tarefas para Jeffrey Sillin e David Bernstein em troca de "recompensa material" desde setembro de 2022 até sua detenção.

O Kremlin acusa o cidadão russo de coletar informações sobre a "operação militar especial" —forma com que o governo de Vladimir Putin se refere à Guerra da Ucrânia ainda hoje, mais de um ano e meio após o início do conflito—, o alistamento obrigatório em várias regiões do país e o impacto de manifestações públicas na Rússia às vésperas da eleição presidencial de 2024. O serviço de segurança afirma ainda que planeja interrogar os dois diplomatas americanos, Sillin e Bernstein.

Chonov estaria detido na penitenciária de Lefortovo, em Moscou, segundo a imprensa russa. O local é o mesmo em que Evan Gerchkovitch, jornalista americano de origem russa que trabalhava para o veículo americano The Wall Street Journal, está preso, aguardando julgamento.

Gerchkovitch foi detido poucas semanas antes de Chonov e acusado de coletar informações militares secretas para os EUA, que negam as acusações, assim como o Wall Street Journal. Em meio a assédios a jornalistas e perseguição à imprensa do país, seu caso foi o mais grave do gênero desde o começo do conflito na Ucrânia —Gerchkovitch foi o primeiro jornalista americano detido na Rússia por espionagem desde a Guerra Fria.

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