O Serviço Federal de Segurança (FSB) da Rússia acusou Robert Chonov, um ex-funcionário do consulado dos Estados Unidos em Vladivostok, de repassar ilegalmente informações sobre a Guerra da Ucrânia a dois funcionários diplomáticos de Washington nesta segunda-feira (28).
De acordo com a agência de notícias Tass, o FSB divulgou um vídeo com a confissão de Chonov. O homem, de nacionalidade russa, é acusado de cooperar com um Estado estrangeiro em segredo.
Detido desde maio, Chonov trabalhou como representante dos EUA no extremo leste russo por mais de 25 anos, segundo Matthew Miller, porta-voz do Departamento de Estado americano. Em abril de 2021, porém, o Kremlin proibiu cidadãos russos de trabalharem para missões diplomáticas americanas no território.
Ainda segundo Miller, após deixar o cargo no consulado, o homem prestou serviços para uma empresa privada contratada pela embaixada dos EUA em Moscou, "em estrito acordo com as leis e regulações da Rússia".
"Como em qualquer missão diplomática no mundo, as embaixadas dos EUA contratam serviços locais. A única função do senhor Chonov quando ele foi detido era fazer briefings de imprensa a partir de jornais estatais. Ele ser acusado de 'cooperação confidencial' reforça como a Rússia usa suas leis cada vez mais repressivas contra seus próprios cidadãos", afirma o comunicado do Departamento de Estado.
Miller também condenou o que chamou de intimidação. "Protestamos veementemente contra as tentativas dos serviços de segurança russos de intimidar e assediar nossos funcionários", diz.
Em comunicado, o FSB afirma que Chonov esteve em contato e desempenhando tarefas para Jeffrey Sillin e David Bernstein em troca de "recompensa material" desde setembro de 2022 até sua detenção.
O Kremlin acusa o cidadão russo de coletar informações sobre a "operação militar especial" —forma com que o governo de Vladimir Putin se refere à Guerra da Ucrânia ainda hoje, mais de um ano e meio após o início do conflito—, o alistamento obrigatório em várias regiões do país e o impacto de manifestações públicas na Rússia às vésperas da eleição presidencial de 2024. O serviço de segurança afirma ainda que planeja interrogar os dois diplomatas americanos, Sillin e Bernstein.
Chonov estaria detido na penitenciária de Lefortovo, em Moscou, segundo a imprensa russa. O local é o mesmo em que Evan Gerchkovitch, jornalista americano de origem russa que trabalhava para o veículo americano The Wall Street Journal, está preso, aguardando julgamento.
Gerchkovitch foi detido poucas semanas antes de Chonov e acusado de coletar informações militares secretas para os EUA, que negam as acusações, assim como o Wall Street Journal. Em meio a assédios a jornalistas e perseguição à imprensa do país, seu caso foi o mais grave do gênero desde o começo do conflito na Ucrânia —Gerchkovitch foi o primeiro jornalista americano detido na Rússia por espionagem desde a Guerra Fria.
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