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Armen Yeganian

Azerbaijão tenta justificar ações desumanas em Nagorno-Karabakh

Armênia pede que o vizinho aja como membro civilizado e responsável da comunidade internacional

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Armen Yeganian

Embaixador da República da Armênia no Brasil

O embaixador do Azerbaijão, Rashad Novruz, publicou um artigo nesta Folha em resposta ao texto "Armênia aponta situação 'à beira da catástrofe' após bloqueio do Azerbaijão", publicado pelo mesmo jornal. O embaixador do Azerbaijão está tentando justificar as ações desumanas do seu governo distorcendo os fatos. Deixe-me apresentar brevemente alguns fatos inegáveis:

Fato nº 1: De acordo com a declaração tripartite assinada entre o primeiro-ministro da Armênia, o presidente do Azerbaijão e o presidente da Rússia em 9 de novembro de 2020, "o corredor de Lachin (com 5 km de largura), que garantirá a ligação de Nagorno-Karabakh com a Armênia (...), permanece sob controle das forças de paz da Federação Russa".

Posto de controle do Azerbaijão no início do corredor de Lachin, que liga Nagorno-Karabakh à Armênia
Posto de controle do Azerbaijão no início do corredor de Lachin, que liga Nagorno-Karabakh à Armênia - Karen Minasyan - 30.ago.23/AFP

É engraçado para nós que o embaixador do Azerbaijão tenha dificuldade em compreender este texto simples e claro, que não deixa margem para interpretações alternativas. Além disso, não há menção das outras estradas na declaração tripartite. Vale a pena mencionar que o referido documento é o único documento internacional que regula o regime do corredor de Lachin.

Fato nº 2: É claro que é bom ouvir a disposição do Azerbaijão em cooperar com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), mas surge a questão de por que o Azerbaijão continua a interferir nas atividades do CICV, em particular sequestrando residentes de Nagorno-Karabakh, que sob os auspícios do CICV tentam atravessar o posto de controle ilegalmente montado pelo Azerbaijão no corredor de Lachin.

Fato nº 3: Em relação à reunião do Conselho de Segurança da ONU, no dia 16 de agosto de 2023, é claro que existe um consenso sobre a grave crise humanitária em Nagorno-Karabakh e da necessidade de resolvê-la, bem como um acordo sobre a abertura do corredor de Lachin e em relação à implementação dos artigos da declaração de 9 de novembro de 2020.

Nos discursos da maioria dos participantes na referida sessão, houve também um apelo claro ao Azerbaijão para que cumpra a determinação da Corte Internacional de Justiça de 6 de julho de 2023, que reafirmou a decisão da mesma corte de 22 de fevereiro de 2023, mais uma vez obrigando o Azerbaijão, de acordo com as suas obrigações assumidas no âmbito da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, "a tomar todas as medidas ao seu dispor para garantir a circulação ininterrupta de pessoas, veículos e carga em ambas as direções no corredor de Lachin".

O secretário-geral da ONU, o secretário de estado dos EUA, o presidente do Conselho Europeu, o alto representante da União Europeia e altos funcionários de muitos países também fizeram apelos semelhantes.

Fato nº 4: Paralelamente às negociações, o Azerbaijão continua a sua agressão militar contra o território soberano da Armênia e se recusa a devolver prisioneiros de guerra armênios, contrariamente às suas reivindicações de mostrar "boa vontade".

A democracia na Armênia e em Nagorno-Karabakh é incomparável ao regime ditatorial do Azerbaijão, onde a família Aliyev tem estado no poder há mais de meio século. Na Armênia e em Nagorno-Karabakh, o Estado de Direito e os direitos humanos são protegidos, e uma das prioridades do governo é a luta intransigente contra a corrupção. Neste contexto, os esforços do embaixador do Azerbaijão para aconselhar a Armênia são simplesmente ridículos. Não aconselharei o embaixador do Azerbaijão; simplesmente expressar-lhe-ei as minhas condolências por ser representante de um país não livre.

Chegou a hora de o Azerbaijão agir como um membro civilizado e responsável da comunidade internacional, em vez de utilizar métodos medievais que levarão à limpeza étnica e ao genocídio.

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