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Filho de Petro enfrentará Justiça após ter acordo de delação suspenso

Primogênito de presidente da Colômbia é suspeito de ter financiado campanha do pai com dinheiro oriundo do tráfico

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São Paulo

Nicolás Petro —filho mais velho do presidente da Colômbia, Gustavo Petro— irá a julgamento após seu acordo de delação com o Ministério Público do país ser anulado. De acordo com comunicado da Procuradoria-Geral desta segunda-feira (25), ele será acusado de enriquecimento ilícito e lavagem de dinheiro enquanto era deputado pelo departamento de Atlântico, no norte do país.

"Hoje começa a luta da minha vida. Eu sabia que a Procuradoria de [Francisco] Barbosa não era confiável e hoje isso foi demonstrado. Eles me pressionaram até o limite com a única intenção de me tornar uma arma contra meu pai. Decidi me levantar e não me ajoelhar diante do carrasco", disse Nicolás no X, o antigo Twitter.

Nicolás, filho do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, participa de audiência em Bogotá - Conselho Superior da Magistratura Judicial da Colômbia - 29.jul.23/AFP

O acordo inicialmente negociado com o MP previa a concessão de benefícios como redução de pena e prisão domiciliar ao primogênito do presidente. O trato fracassou, porém —segundo a Procuradoria, porque Nicolás perdeu o prazo para fornecer informações e evidências sobre outras pessoas supostamente envolvidas no caso.

Ao jornal colombiano El Espectador, seu advogado de defesa, Estewing Arteaga, afirmou ter recebido o anúncio com surpresa e disse desconhecer as razões por trás dele. Segundo ele, a colaboração estava "dentro dos prazos exigidos", mas aparentemente "o Ministério Público não tem ficado muito satisfeito com o que tem recebido", completou.

Arteada afirmou que Nicolás está tranquilo. "Se ele for chamado, terá que enfrentar o processo", afirma.

O filho de Petro foi preso em julho em Barranquilla, capital de Atlântico, junto com sua ex-esposa, Daysuris Vásquez, responsável por tornar o escândalo público. Ela foi detida por acusações semelhantes às do ex-marido, mas foi libertada dias depois junto com Nicolás.

Em março, ela afirmou à revista Semana que duas pessoas acusadas de estarem envolvidas com o narcotráfico deram dinheiro a Nicolás para financiar a vitoriosa campanha à Presidência de seu pai em 2022. Na mesma época em que fez tais declarações, entregou um extrato bancário de Nicolás à revista Cambio que mostra um ritmo de gastos segundo a publicação incompatível com o salário de um deputado na Colômbia.

Em uma audiência em agosto, Nicolás se declarou inocente, mas disse que colaboraria com os promotores. "Decidimos iniciar um processo de colaboração no qual mencionarei fatos novos e situações que ajudarão a Justiça. Faço isso pela minha família e pelo meu bebê, que está a caminho", afirmou na ocasião.

De acordo com as acusações, Nicolás recebeu dinheiro de traficantes de drogas para incluí-los nos planos de "paz total" do presidente —projeto de Petro para desarmar as últimas guerrilhas do país.

O presidente nega ter conhecimento de qualquer atividade ilegal e disse que seguirá com os planos de sua administração. Mas o escândalo ameaça não só as negociações do presidente para rendição de grupos armados como também a ambiciosa agenda de reformas deste que é o primeiro governo de esquerda da Colômbia.

Com Reuters

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