Mais de 330 milhões de crianças vivem na pobreza extrema, aponta Unicef

Relatório aponta que um a cada seis menores no mundo é sustentado com menos de R$ 10,6 por dia

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Washington | AFP

A pandemia de Covid-19 provocou uma desaceleração brusca na luta contra a pobreza extrema infantil, e 333 milhões de crianças no mundo vivem privadas das necessidades básicas, segundo relatório divulgado nesta quarta (13) pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pelo Banco Mundial.

O documento aponta que, nos anos de crise sanitária, 30 milhões de crianças saíram da situação de pobreza extrema —o número, porém, ficou abaixo do que havia sido projetado. Atualmente quase uma a cada seis crianças vive com menos de US$ 2,15 (R$ 10,60) por dia, de acordo com o relatório.

"As crises agravadas pelos efeitos da Covid-19, os conflitos, a mudança climática e os impactos econômicos estagnaram progressos e deixaram milhões de crianças na pobreza extrema", disse Catherine Russell, diretora-executiva do Unicef, em comunicado. As conclusões do estudo representam um obstáculo para o objetivo da ONU de erradicar a pobreza infantil extrema até 2030.

Criança ao lado de córrego na favela da 13, em Osasco, na Grande São Paulo - Lalo de Almeida - 23.dez.2015/Folhapress

O documento indica que 40% das crianças da África Subsaariana continuam vivendo na pobreza extrema, o maior índice no planeta. Na América Latina e no Caribe, o percentual é de 5,9% —em 2020, era de 6,7%. O número mais baixo registrado, de 0,4%, é o da Europa e da Ásia Central.

"Um mundo em que 333 milhões de crianças vivem na pobreza extrema, privadas não apenas de suas necessidades básicas, mas também de dignidade, oportunidades ou esperança, é simplesmente intolerável", afirma no relatório Luis Felipe López-Calva, diretor do Banco Mundial.

A instituição financeira e o Unicef fizeram um apelo aos governos para que priorizem a luta contra a pobreza infantil e adotem medidas que ampliem os programas de ajuda para a infância. "Não podemos falhar com as crianças", disse Russell. "Acabar com a pobreza infantil é uma escolha política."

No início do mês, outro relatório do Unicef alertou que a América Latina e o Caribe estão enfrentando uma das maiores e mais complexas crises de migração infantil do mundo, com quantidades recordes de crianças cruzando seus principais pontos de trânsito.

Cerca de 25% dos migrantes na região são menores de idade, em comparação com 15% globalmente, de acordo com o estudo da agência. A pobreza, as consequências socioeconômicas da pandemia de Covid-19, a violência de quadrilhas armadas, os impactos de desastres naturais, exacerbados pelas mudanças climáticas, e o desejo de se reunir com suas famílias explicam esse êxodo.

No Brasil, seis entre dez crianças e adolescentes conviviam em 2019 com um ou mais aspectos da pobreza, que são trabalho infantil e privações de acesso a moradia digna, água, saneamento, informação, renda, alimentação e educação, segundo estudo divulgado em fevereiro pelo Unicef.

Isso permite ao organismo da ONU afirmar que, ainda antes da pandemia, ao menos 32 milhões de brasileiros de até 17 anos —63% dessa população— viviam na pobreza, quando consideradas as múltiplas dimensões acima mencionadas.

No ano passado, o mundo chegou a 8 bilhões de habitantes, segundo projeção da ONU.

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