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Frente ampla no México escolhe senadora indígena para disputar Presidência

Xóchitl Gálvez se torna aposta para derrotar o Morena, partido do líder populista AMLO, nas urnas

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São Paulo

A senadora indígena Xóchitl Gálvez foi oficialmente nomeada neste domingo (3) candidata à Presidência no México à frente de uma aliança de siglas de oposição, informou o Partido Revolucionário Institucional (PRI) na plataforma X, o antigo Twitter.

Gálvez se consolida assim como a aposta principal contra o Morena, partido do presidente Andrés Manuel López Obrador, líder populista de esquerda conhecido como AMLO. A recém-constituída Frente Ampla pelo México, oposicionista, reúne o PRI, o Partido Ação Nacional (PAN) e o Partido da Revolução Democrática (PRD).

A senadora mexicana Xochitl Galvez discursa em ato na Cidade do México após ser oficializada candidata da oposição nas eleições para as Presidência
A senadora mexicana Xochitl Galvez discursa em ato na Cidade do México após ser oficializada candidata da oposição nas eleições para as Presidência - Henry Romero/Reuters

"Há apenas alguns meses, a oposição estava desunida e desmoralizada. A pergunta não era se podíamos ganhar, mas por quantos pontos iam nos derrotar. Diziam por todos os lados que não havia oposição, e hoje há oposição", afirmou a senadora em ato da Frente Ampla na capital Cidade do México, neste domingo.

"Vamos abrir as portas do Palácio Nacional. As portas estão há cinco anos fechadas. Fecharam-nas com mentiras, insultos e ódio a todos que não pensam como eles", seguiu a senadora.

Integrante de peso da aliança de oposição, o PRI retirou a candidatura de sua escolhida para a disputa, a também senadora Beatriz Paredes. O partido foi hegemônico por décadas, o que fez do México um país na prática unipartidário por quase todo o século 20. O último mandatário pelo PRI foi Enrique Peña Nieto, presidente de 2012 a 2018, ano em que AMLO foi eleito.

O nome de Xóchitl, que em português se pronuncia "Sótil", disparou nas pesquisas no Google depois de um episódio em junho deste ano em que ela, vestindo um "huipil", um traje tradicional usado por mulheres indígenas, levou uma decisão judicial até o Palácio Nacional que lhe garantia direito de resposta contra o AMLO —que sete meses antes havia afirmado erroneamente que a opositora defendia o fim de programas sociais para idosos.

Graças à exposição na imprensa e pela reação de seus apoiadores depois que o presidente passou a criticá-la todas as manhãs, em suas chamadas "mañaneras", ela decidiu concorrer nas eleições presidenciais marcadas para 2024 —e não mais ao pleito do governo da Cidade do México, no qual tinha maiores chances. AMLO não pode concorrer à reeleição , mas espera que seu sucessor saia das prévias de seu partido.

Apesar de ser considerada de direita, a senadora já se posicionou como feminista e é a favor do direito ao aborto e dos direitos LGBTQIA+. Também costuma citar que foi criada em um povoado a 130 km da capital, onde, segundo ela, vendia gelatinas para ajudar a mãe, que lavava e passava roupas para outras famílias. Ela faz parte da população otomí do estado de Hidalgo, uma das mais pobres do país.

A carreira política da candidata começou no início dos anos 2000, quando Xóchitl foi descoberta por caçadores de talentos contratados pelo governo do ex-presidente Vicente Fox, durante o qual ela depois chefiou a comissão para os povos indígenas. Em 2015, foi eleita como uma espécie de subprefeita de uma das regiões mais abastadas da Cidade do México.

Nos últimos cinco anos, já como senadora, a política ficou conhecida pela oposição a AMLO, usando estratégias inusitadas para chamar a atenção da mídia. Em dezembro, por exemplo, foi a uma sessão vestida com uma enorme fantasia de dinossauro e a placa "Jurassic Plan" para protestar contra o que descreveu como "retrocesso" da reforma eleitoral do governo, derrubada recentemente pela Suprema Corte.

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