Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Russo é condenado sob acusação de contrabando militar aos EUA

Segundo promotoria, Serguei Kabanov enviou peças usadas pela defesa aérea russa

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Moscou | Reuters

Um homem russo foi sentenciado a 12 anos e seis meses de prisão sob a acusação de trair o país ao enviar materiais militares para os Estados Unidos, disse nesta sexta-feira (15) o Serviço Federal de Segurança (FSB), órgão de inteligência da Rússia sucessor da KGB da União Soviética.

Serguei Kabanov, 32, ficará em presídio de segurança máxima. Segundo a promotoria, ele contrabandeou peças usadas pela defesa aérea russa, incluindo componentes de mísseis terras-ar, além de sistemas de armas baseados em radar. A acusação diz que ele agiu a mando dos serviços de inteligência dos EUA.

O secretário do Conselho de Segurança russo, Nikolai Patrushev, em reunião em Moscou; ele disse que a Rússia neutralizou centenas de espiões nos últimos anos
O secretário do Conselho de Segurança russo, Nikolai Patruchev, em reunião em Moscou; ele disse que a Rússia neutralizou centenas de espiões nos últimos anos - Sputnik - 15.mar.23/Pavel Bednyakov/Pool via Reuters

As peças teriam sido primeiro transferidas para a Letônia, país vizinho da Rússia, antes de serem enviadas a uma empresa com sede no estado do Alabama, controlada pelo Departamento de Defesa americano.

Kabanov foi detido em 2021, segundo a agência russa Interfax. Imagens divulgadas nesta sexta pelo FSB mostram o momento da prisão. O homem estava levando uma caixa de madeira de um veículo para outro numa área rural no momento em que foi surpreendido por policiais encapuzados e vestidos com uniformes camuflados.

De acordo com a agência Tass, a Justiça russa aceitou como prova o que seriam registros de envios das das peças militares, além de uma nota de faturamento no valor de US$ 49 mil (R$ 239 mil).

A condenação de Kabanov foi divulgada um dia após a Rússia anunciar a expulsão de dois diplomatas americanos acusados de terem atuado em conjunto com Robert Chonov, ex-funcionário russo que foi preso no início do ano. Chonov foi acusado de coletar ilegalmente informações sobre a Guerra da Ucrânia e de repassá-las a autoridades americanas.

As acusações de traição feitas pelas autoridades russas aumentaram de forma expressiva desde o início da invasão à Ucrânia, em fevereiro de 2022. Ao longo do conflito, o presidente Vladimir Putin vem cobrando das agências de inteligência a identificação de espiões e agentes estrangeiros em solo russo.

Em artigo publicado nesta sexta, Nikolai Patruchev, secretário do Conselho de Segurança da Rússia, diz que Moscou neutralizou centenas de espiões nos últimos anos. "Funcionários de serviços de inteligência estrangeiros, bem como outras pessoas envolvidas na organização de atividades de inteligência e subversivas contra o nosso país e nossos parceiros estratégicos, foram identificados e neutralizados."

Ex-diretor do FSB, Patruchev é considerado próximo de Putin e tido como um dos principais defensores de políticas linha-dura para a segurança da Rússia.

Várias pessoas já foram acusadas de atuar em conluio com a Ucrânia desde que a guerra eclodiu. Em julho, um tribunal russo determinou a prisão de sete pessoas que teriam planejado o assassinato de dois jornalistas proeminentes do país, segundo a acusação, a mando de Kiev.

Na ocasião, a Ucrânia não se manifestou sobre as prisões, mas autoridades do país invadido já negaram o envolvimento das forças do país em assassinatos de influenciadores pró-guerra na Rússia.

Em maio, a explosão de um carro feriu o escritor nacionalista Zakhar Prilepin, defensor da ofensiva no vizinho. Antes, em abril, uma explosão em um café de São Petersburgo matou o blogueiro russo pró-Putin Vladlen Tatarski. No ano passado, Daria Dugina foi morta em uma explosão de carro em Moscou. Ela era filha do controverso filósofo Aleksandr Dugin, um dos principais arquitetos da expansão territorial da Rússia. O governo russo atribuiu responsabilidade à Ucrânia nos três casos.

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