Descrição de chapéu partido democrata

Senador democrata é acusado de corrupção nos EUA, e FBI acha barras de ouro e dinheiro vivo

Bob Menendez, do partido de Biden, renunciou à chefia do poderoso comitê de Relações Exteriores do Senado após caso vir à tona

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Nova York | AFP e The New York Times

A promotoria federal em Nova York acusou de corrupção o senador democrata Bob Menendez, presidente do comitê de Relações Exteriores do Senado americano, e sua esposa, nesta sexta-feira (22).

Segundo o promotor Damian Williams, o senador aceitou "centenas de milhares de dólares" em propinas de três empresários de Nova Jersey entre 2018 e 2022 para "protegê-los e enriquecê-los", além de "apoiar o governo egípcio".

O FBI, a polícia federal americana, encontrou na casa do casal maços de notas enfiados em bolsos de casacos, 3 kg de barras de ouro e um carro de luxo —itens "que faziam parte da fraude", segundo o promotor.

Senador democrata Bob Menendez em sessão do Senado americano em abril de 2022
Senador democrata Bob Menendez em sessão do Senado americano em abril de 2022 - Al Drago - 26.abr.22/AFP

O senador, que tem ascendência cubana, negou as acusações. "Quem está por trás desta campanha simplesmente não pode aceitar que um latino-americano de primeira geração e origem humilde possa chegar a ser senador dos EUA e servir com honra e distinção", disse ele em nota.

A acusação federal descreve um plano tramado durante jantares discretos, mensagens de texto e chamadas criptografadas —grande parte dele teria como objetivo aumentar a assistência dos Estados Unidos ao Egito e ajudar os empresários de Nova Jersey.

A esposa do senador, Nadine Menendez, é acusada de atuar como intermediária, transmitindo mensagens a um empresário americano-egípcio, Wael Hana, que mantinha conexões próximas com militares do país árabe e oficiais de inteligência, segundo a acusação.

Em uma mensagem de texto para um general egípcio, Hana se referiu ao senador, que tinha influência sobre vendas e financiamento militares, como "nosso homem".

Na tarde desta sexta, Menendez enviou uma carta ao senador Chuck Schumer, líder da maioria na Casa, informando sua renúncia ao cargo de presidente do comitê de Relações Exteriores.

"Bob Menendez tem sido um dedicado servidor público e está sempre lutando arduamente pelo povo de Nova Jersey", declarou Schumer em nota. "Ele tem o direito ao devido processo legal e a um julgamento justo."

O democrata Philip Murphy, governador de Nova Jersey e aliado próximo do senador, pediu que ele renunciasse. Outros políticos do estado, pelo qual Menendez foi eleito, repetiram a demanda, mas o senador afirmou em nota que "não vai a lugar algum".

De acordo com a acusação, o esquema de corrupção se estendeu além da ajuda estrangeira. O senador ainda é acusado de usar sua posição oficial para influenciar investigações criminais de outros dois empresários de Nova Jersey, um dos quais é um arrecadador de fundos de longa data para suas campanhas.

Ainda segundo os promotores, foi com esse objetivo que o democrata recomendou ao presidente Joe Biden que indicasse o advogado Philip Sellinger para ser procurador dos EUA em Nova Jersey. Menendez teria acreditado que poderia usar a indicação para influenciar a atuação de Sellinger em uma acusação criminal relativa a um de seus amigos. O advogado acabou sendo confirmado para o cargo, mas não cedeu a pressões, segundo a acusação.

Menendez também é acusado de interferir em uma investigação liderada pelo procurador-geral de Nova Jersey usando "conselhos e pressão" para ajudar o sócio de um homem que posteriormente presenteou a esposa de Menendez com um Mercedes conversível.

Menendez, 69, é um veterano da política de Washington. Legislador democrata por Nova Jersey na Câmara entre 1993 e 2006 e depois senador, é uma das vozes mais influentes em questões diplomáticas na capital americana —nem sempre de forma consonante com as ações da Casa Branca.

Em 2022, por exemplo, ele foi um dos mais duros críticos dos ensaios de reaproximação entre os EUA e a Venezuela após o início da Guerra da Ucrânia. Também afirmou que pediria audiências para que o Executivo explicasse a retirada de tropas do Afeganistão, em 2021, numa atuação que ele chamou de "falha".

O senador já teve problemas anteriores com a Justiça. Ele foi acusado de corrupção em 2015, mas seu julgamento foi anulado em 2017, depois que os membros do júri não conseguiram chegar a um veredicto.

No ano seguinte, o Departamento de Justiça pediu a um juiz que retirasse todas as acusações de corrupção contra Menendez, então suspeito de usar sua posição para promover os interesses de Salomon Melgen, oftalmologista, empresário e filantropo da Flórida que era amigo do senador, em troca de presentes e doação de fundos para sua campanha.

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