Descrição de chapéu ataque a tiros violência

Centenas de policiais procuram atirador que matou 18 nos EUA

Polícia estadual, FBI e Guarda Costeira participam de buscas do homem que atacou dois estabelecimentos no Maine

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São Paulo

Centenas de policiais foram mobilizados para as operações de busca, nesta quinta-feira (26), do atirador que matou ao menos 18 pessoas na cidade de Lewiston, no estado do Maine, nos Estados Unidos. Autoridades impuseram um lockdown no município, enquanto o criminoso, que estaria armado e foi descrito como perigoso, continua foragido.

Imagem de câmera de segurança de um boliche mostra atirador suspeito em Lewiston, em Maine, nos Estados Unidos
Imagem de câmera de segurança de um boliche mostra atirador suspeito em Lewiston, em Maine, nos Estados Unidos - Escritório do Xerife do Condado de Androscoggin/Reuters

O massacre, um dos mais letais no país nos últimos, aconteceu na noite desta quarta (25) em um restaurante e em uma pista de boliche. Autoridades locais chegaram a afirmar que 22 pessoas haviam morrido, mas o número foi revisado para baixo horas depois. O crime, cuja motivação ainda é desconhecida, deixou 13 pessoas feridas.

Depois de ser informado sobre os crimes, o presidente americano, Joe Biden, saiu de um jantar em homenagem ao premiê australiano para entrar em contato com as autoridades do Maine e oferecer apoio do governo federal, segundo a Casa Branca.

Biden afirmou nesta quinta que a nação está de luto após "mais um ataque a tiros, sem sentido e trágico". Assim como nos últimos episódios do gênero, ele instou os republicanos no Congresso a ajudarem a promulgar leis mais rigorosas sobre armas de fogo no país, que tem mais armas que habitantes.

"Muitos americanos agora tiveram um membro da família morto ou ferido como resultado da violência armada. Isso não é normal, e não podemos aceitar", disse o presidente.

Especificamente no Maine, cerca de metade de todos os adultos vivem numa casa com armas, de acordo com um estudo de 2020 da Rand Corporation. O estado não exige licença para comprar ou portar uma arma e não possui as chamadas leis de "bandeira vermelha", que permitem que as autoridades desarmem temporariamente pessoas consideradas perigosas.

Sem considerar os suicídios, mais de 15 mil pessoas morreram devido à violência com armas de fogo desde o início de 2023 no país. Os esforços feitos por Biden para adotar leis mais severas de controle de armamentos esbarram na oposição de parlamentares republicanos, defensores ferrenhos do direito constitucional ao porte de armas. A paralisação política prossegue, apesar da indignação diante dos ataques recorrentes.

A polícia de Lewiston publicou imagem do suspeito, identificado como Robert Card, 40. Ele aparece segurando o que parece ser um fuzil de longo alcance, não incomum em massacres recentes no país. Card é certificado como instrutor de tiros, sargento de uma base da Reserva do Exército dos EUA, mas nunca foi destacado para combate desde que se alistou em 2002.

"Nossos hospitais não estão equipados para lidar com este tipo de ataque", afirmou o vereador local Robert McCarthy. Lewiston é a segunda cidade mais populosa de Maine, com cerca de 38 mil pessoas, e está localizada a cerca de 800 km a nordeste de Washington. As autoridades pediram aos moradores que evitem sair de casa enquanto o atirador não for capturado.

Policial em frente a hospital na cidade de Lewiston, em Maine, após atirador matar ao menos 22 pessoas
Policial em frente a hospital na cidade de Lewiston, em Maine, após atirador matar ao menos 18 pessoas - Joseph Prezioso/AFP

O hospital Central Maine Medical Center afirmou que sua equipe estava "reagindo a um episódio de atirador em massa com múltiplas vítimas" e estava em contato e coordenação com outros hospitais da região para receber os pacientes.

"Temos literalmente centenas de policiais trabalhando em todo o estado para investigar o caso e para localizar Card", afirmou o secretário de Segurança Pública do Maine, Mike Sauschuck. Agentes do FBI, a polícia federal americana, também participam das operações de busca.

As fotos divulgadas pela polícia mostram que o suspeito é um homem branco e de barba. Nas imagens, ele aparece com uma jaqueta marrom e uma calça azul, apontando uma arma. Sauschuck disse que a polícia encontrou um SUV branco abandonado, que seria do criminoso, na cidade de Lisbon, a pouco mais de 10 quilômetros de Lewiston. A suspeita é que ele tenha fugido por um rio —registros públicos mostraram que ele possui três registros de embarcações. A Guarda Costeira também se juntou às buscas.

Card foi internado neste ano em um centro de saúde mental, segundo a agência de notícias Reuters. Os motivos da hospitalização não estão claros, mas há registros de que o homem dizia ouvir vozes em momentos de crise.

O primeiro ataque aconteceu na pista de boliche, onde ao menos sete pessoas foram assassinadas. Justin Juray, proprietário do estabelecimento, afirma que havia cerca de 100 a 150 pessoas no local, incluindo 20 crianças, no momento em que o agressor entrou atirando com um fuzil.

Depois, o criminoso foi ao restaurante. Testemunhas relatam ainda um ataque no centro logístico de um supermercado, mas as autoridades não confirmaram a informação. "É uma situação devastadora. Nunca vivemos algo assim", disse Cynthia Hunter, que mora em Lewiston desde 2012. As escolas públicas cancelaram as aulas nesta quinta.

A população do pequeno estado do Maine é pouco acostumada a ver muitos homicídios. Segundo dados do CDC, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, o estado registrou uma taxa de homicídios de 1,7 para cada 100 mil habitantes em 2021, o que fez do Maine a terceira menor taxa entre os 50 estados americanos.

O número de ataques a tiros nos EUA, em que quatro ou mais pessoas são baleadas, deve atingir 679 em 2023, contra 647 em 2022, de acordo com dados do Gun Violence Archive.

Com AFP e Reuters

Erramos: o texto foi alterado

Versão anterior desse texto e de seu título afirmavam, com base em informações da polícia local, que 22 pessoas haviam sido mortas no ataque a tiros. O número foi revisado pelas autoridades locais para 18.

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